Edições anteriores

  • v. 42 n. 1 (2022)

    Primeiro artigo liberado: 17/12/2021
  • v. 41 n. 2 (2021)

    Primeiro artigo liberado: 29/10/2021
  • Publicação Contínua
    v. 41 n. 1 (2021)

    Primeiro artigo liberado: 30/03/2021
  • v. 38 n. 1 (2018)

    Editorial

    Faz muito pouco tempo que falar em Educação era algo um tanto quanto deixado de lado nos cursos de Formação de Professores de Matemática, até que muitos profissionais matemáticos passaram a se preocupar com o educar pela Matemática ou educar matematicamente. Também, profissionais da Psicologia começaram a se envolver com os fenômenos que permeavam o ambiente escolar, as dificuldades de aprendizagem e o insucesso de tantos estudantes.

    Nessa caminhada, e não menos atual, estão os estudos de Jean Piaget e sua psicologia psicogenética, preocupando-se com a formação e o pensamento dos indivíduos desde o início de vida, ao indicar “Para compreender o desenvolvimento da criança cumpre examinar a evolução das suas percepções, depois de recordar o papel das estruturas ou do esquematismo sensório-motores” (PIAGET e INHELDER, 2003, p. 33). Nesse sentido das percepções, as constâncias e causalidades perceptivas são fundamentais. Por exemplo, a constância da forma, a qual os autores indicam ter ocorrido em experiência com bebê de 7-8 meses ao apresentarem uma mamadeira invertida e o mesmo a virava com facilidade, ao perceber o bico colorido, em segundo plano, nas palavras dos autores.

    Hans Freudenthal, no século XX, matemático de origem, com contribuições importantes para a Topologia, Geometria e Teoria de Grupos de Lie, com formação em Filosofia e História, cria a Educação Matemática Realística, a qual é centrada em problemas obtidos de experiências diárias em lugar de regras matemáticas abstratas. Essa é, pois, uma abordagem atual que pode, principalmente, ser incorporada na formação do professor de Matemática, até porque o Instituto Freudenthal, em Amsterdan, foi criado, intencionalmente, aonde a teoria, em grande parte, é aplicada como resultado de um processo cíclico de desenvolvimento de materiais educacionais, experimentos em sala de aula, reflexão e revisão. Já no início do seu texto, Freudenthal (1975) aborda questões ligadas à agrimensura, por exemplo, interligando Tales, Héron, dentre outros, na resolução de problemas concretos, como o tamanho da terra e distâncias astronômicas, mostrando a importância da História para o conhecimento humano.

    Ao falar em regras matemáticas abstratas, não se poderia deixar de falar em Richard Skemp, emérito educador matemático contemporâneo e principal pioneiro nessa área, o qual integrou Matemática, Educação e Psicologia. Foi o primeiro presidente do Grupo Internacional para a Psicologia da Educação Matemática (PME) em 1980. Ele acreditava que os meninos poderiam aprender inteligentemente desde cedo e expressou dois tipos de aprendizagem que denominou assim: compreensão relacional e compreensão instrumental. O primeiro tipo consiste em “saber o que fazer e porquê” (SKEMP, p. 45). Para ele, este tipo de compreensão matemática, em geral, dá um pouco mais de trabalho ao aluno, pois é mais demorada do que aquela que ele denomina de instrumental, isto é, “regras sem fundamentação” (SKEMP, 2016a, p. 45). Para ele, na compreensão relacional “as ideias requeridas para compreender um tópico particular tornam-se básicas para compreender muitos outros tópicos também” (SKEMP, 2016b, p. 25), enquanto na compreensão instrumental [...]“as respostas são mais imediatas, e mais visíveis. É agradável obter uma página de respostas corretas” (Idem, p. 24).

    Podemos articular essas duas formas de compreensão, com a percepção e com o que Fischbein (1987) caracterizou como intuição em ciência. Para este autor, ela está intimamente relacionada com um conhecimento sensorial necessário básico para uma formação intelectual educacional. Parafraseando-o, o conhecimento intuitivo se aproxima do conhecimento perceptivo, na medida em que pode partir da exploração de objetos concretos, desenhos ou diagramas, de forma intuitiva, para chegar, posteriormente, a conceitos abstratos, como na Matemática. A isto se pode associar o que Piaget e Inhelder (1993) indicam sobre a representação em Geometria, a qual só ocorre posteriormente à percepção, quando o indivíduo se ausenta do objeto à sua frente, forma uma imagem mental nessa ausência e o representa.

    Ao trazer, neste editorial, esses educadores, gostaríamos de salientar a importância de refletirmos sobre mudanças efetivas como as que acreditamos estarem ocorrendo e que deverão continuar a ocorrer. A Vidya tem proporcionado a educadores, da área de Educação, Ciências e Matemática, exporem suas pesquisas, sendo a presente edição, a qual prefaciamos, estar recheada de ideias que bem podem ser ancoradas na presente exposição. Não nos ateremos particularmente a cada um dos artigos, entretanto o leitor encontrará trabalhos que irão desde a diversidade de representações de conceitos aos jogos de linguagem em Matemática, passando pelas apreensões perceptivas das representações de registros semióticos.

    Por sua vez, retomar a história da ciência em uma linha do tempo, chegar à dos números irracionais, perpassando pela modelagem é, indiscutivelmente, proporcionar leituras aos professores, futuros professores e pesquisadores, em uma viagem importante pela Educação, incluindo aí o envolvimento da tecnologia e estrutura pedagógica dos saberes na educação à distância. Também, acompanhar as mudanças e passagens entre os diversos níveis de formação. Elas indicam tendências atuais que podem auxiliar em novas conquistas para o ensino e aprendizagem.

    Assim, a edição possibilita, ao atento leitor, uma percepção dos artigos apresentados e pode proporcionar uma alçada a novos voos, sejam eles intuitivos, relacionais ou mesmo instrumentais.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas - Universidade Franciscana (leivasjc@unifra.br)

     

    REFERÊNCIAS

    FREUDENTHAL, H. Mathematics as an educational task. Holland: D. Reidel Publishing Company, 1973.

    ______. Perspectivas da matemática. Trad. Fernando C. Lima. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1975.

    PIAGET, Jean; INHELDER, Bärbel. A representação do espaço na criança. Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

    PIAGET, J.; INHELDER, B. trad. CAJADO, O. M. A Psicologia da Criança. Rio de Janeiro: 2003, 144p.

    SKEMP, R. R. Compreensão relacional e compreensão instrumental. Educação e Matemática – Revistas da Associação de Professores de Matemática. n. 136, pp. 44-48. 2016a.

    ______. Compreensão relacional e compreensão instrumental. Educação e Matemática – Revistas da Associação de Professores de Matemática. n. 137, pp. 24-28. 2016b.

  • Edição Especial sobre produções o GT4 - Ensino Superior da Sociedade Brasileira de Educação Matemática - SBEM
    v. 37 n. 2 (2017)

    Editorial

    Nesta edição especial da REVISTA VIDYA, apresentamos resultados de pesquisas realizadas pelo Grupo de Trabalho 04 (GT04) – Educação Matemática no Ensino Superior da Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM). As várias linhas de pesquisa presentes nos 14 artigos que compõem essa edição especial evidenciam a diversidade de estudos nessa área e a relevância do tema nas investigações brasileiras da Educação Matemática.

    A partir de reflexões, ideias, discussões e situações relatadas no último Seminário Internacional de Pesquisa em Educação Matemática (SIPEM), realizada em 2015, essa edição especial nasceu e tomou corpo com o envolvimento dos membros do GT.

    Áreas distintas da Matemática estão contempladas nas investigações presentes nessa edição especial. Como tem sido praxe tanto nas pesquisas brasileiras, quanto nas internacionais referentes à Educação Matemática no Ensino Superior, estudos sobre os diferentes aspectos relativos aos processos de ensino e de aprendizagem de Cálculo Diferencial e Integral e de Análise Matemática são os que se fazem presente em maior número: são 9 artigos. Reflexões acerca de questões pertinentes ao ensino e a aprendizagem de Geometria apresentam-se em 3 artigos, da Álgebra em 1 artigo e da Matemática Financeira por meio de recursos tecnológicos também em 1 artigo.

    Essa edição é aberta por um mapeamento de 61 pesquisas realizadas no GT04 da SBEM em relação às temáticas Cálculo Diferencial e Integral, Análise Matemática e intersecções desses campos de conhecimento. Em seguida, apresentamos um trabalho por meio do qual os autores buscam diagnosticar as imagens conceituais de números racionais e irracionais trazidas por licenciandos ingressantes na graduação em Matemática, bem como analisar as movimentações dessas imagens. O conceito de limite é objeto de estudo em dois artigos. No primeiro, os autores analisam como ele é compreendido por professores em formação continuada por meio de imagens conceituais desses professores acerca do referido conceito. Já no segundo, seus autores apresentam os impactos de análise de acertos e erros de estudantes repetentes da disciplina de Cálculo I no trabalho com limites de funções reais de uma variável para os processos de ensino e aprendizagem. A produção de materiais para o ensino de Cálculo como uma possibilidade de articular teoria e prática também é alvo de discussão em um dos trabalhos que compõem essa edição especial, assim como as possibilidades de analisar o comportamento de funções a partir do estudo de suas derivadas por meio de sequências didáticas inseridas em um Objeto de Aprendizagem informatizado. São discutidas ainda as contribuições da utilização do GeoGebra aos processos de ensino e aprendizagem de Integral de Riemann em disciplinas de Análise Real, tanto da Licenciatura, como do Bacharelado em Matemática, a utilização de recursos visuais e gráficos na aprendizagem do Teorema Fundamental do Cálculo (TFC) e, finalmente, são analisados os percursos de aprendizagem de estudantes de uma turma de Cálculo Diferencial e Integral I, sem presença obrigatória, na busca de um modelo matemático para responderem a uma tarefa proposta.

    Em relação ao ensino e a aprendizagem de Geometria, as discussões são abertas por meio de um mapeamento de dissertações e tese brasileiras que abordaram a utilização de tecnologias digitais de informação e comunicação no ensino e na aprendizagem de Geometria Analítica no período de 2010 a 2016. Em seguida, apresentamos um trabalho em que os autores sugerem atividades de Geometria nas quais licenciandos são estimulados a criar conjecturas a respeito de alguns teoremas clássicos e verificar sua validade, utilizando o geoplano ou o GeoGebra. Finalmente, são resultados de uma pesquisa que investigou se alunos pós-graduandos compreendiam registros natural e figural do Teorema de Pitágoras a partir de conhecimentos prévios.

    Na única pesquisa referente aos processos de ensino e de aprendizagem da Álgebra presente nessa edição especial, os autores apresentam uma pesquisa a respeito da transição do pensamento matemático, em resolução de atividades sobre Anéis de Polinômios, por estudantes que já cursaram a disciplina de Estruturas Algébricas.

    Essa edição especial é encerrada por um trabalho no qual se discute como a utilização de ferramentas tecnológicas em livros didáticos de Matemática Financeira estariam associadas a objetivos nessas obras.

    Agradecendo fortemente aos pesquisadores que confiaram a escrita de suas pesquisas a essa Edição Especial da Vidya, os editores desejam a todos uma agradável leitura.

    Editores convidados, vice-coordenadores do GT4: Ângela Marta Pereira das Dores Savioli Gabriel Loureiro de Lima

  • v. 37 n. 1 (2017)

    Editorial

    Estamos lançando o v. 37, n.1 (2017) da revista Vidya, qualis A2 na área de Ensino, constando de 18 artigos, atendendo ao escopo da mesma, a saber, destina-se à divulgação da produção científica de professores e pesquisadores, é voltada à área da educação, em suas múltiplas dimensões. É recomendado que os trabalhos submetidos sejam relacionados às áreas de Ensino e Aprendizagem em Ciências e em Matemática, bem como formação de professores. Tem-se, ainda, que os trabalhos a serem submetidos à Vidya sejam oriundos de pesquisadores doutores, mestres ou alunos de pós-graduação com doutores envolvidos e que sejam relacionados às áreas citadas.

    Nesta edição os leitores encontrarão, inicialmente, artigo que contempla as séries iniciais do Ensino Fundamental, passando pela formação continuada de professores em diversos temas como a resolução de problemas, as tecnologias, a modelagem, as ciências e a religião, a inclusão, a filosofia e a física.

    Anunciamos o segundo volume para breve com uma edição especial temática sobre a produção do GT4 da SBEM e, para o segundo volume de 2018, a edição temática envolverá o Ensino de Ciências. Lembramos que o fluxo é contínuo.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas - Editor

  • Edição especial - Ensino de Probabilidade e Estatística
    v. 36 n. 2 (2016)

    Editorial

    Temos a satisfação de apresentar o v. 36, n. 2, 2016 da REVISTA VIDYA, em um momento muito especial para todos nós, pelos seguintes motivos: neste ano, o periódico completa 40 anos de existência, tendo passado por diversas fases, consolidou-se como veículo de divulgação de pesquisas na área de Ciências, Matemática e Educação; recentemente, foi reconhecido no Qualis-Capes como A2 na área de Ensino; nesta edição especial sobre o Ensino de Probabilidade e Estatística, o períodico conta com as editoras convidadas Suzi Samá e Mauren Porciúncula, respectivamente,  coordenadora e vice-coordenadora do GT12 da Sociedade Brasileira de Educação Matemática - SBEM, que trata do tema.

    A edição também consolida a revista como de divulgação internacional, à medida que estão sendo publicados artigos de renomados pesquisadores na área de seis países: Brasil (diversas regiões), Colômbia, França (com um artigo em português e outro em francês), Espanha e Venezuela. Ao todo são 23 artigos, cujos temas abrangem a Educação Infantil, o Ensino Fundamental, Médio e Superior, passando pela formação de professores e tecnologias computacionais, voltadas ao ensino de Probabilidade e Estatística.

    A edição começa com um mapeamento sobre a produção em Educação Estatística brasileira, em programas de pós-graduação. Culmina com outro mapeamento, desta feita, sobre estudos relativos à probabilidade geométrica. Esta diversidade de textos aqui apresentados possibilita divulgar a produção qualificada das pesquisas produzidas na Educação Estatística nas esferas nacionais e internacionais.

    Os editores agradecem aos pesquisadores, que confiaram a escrita de suas pesquisas a esta Edição Especial da Vidya, e desejam a todos uma agradável leitura.

    José Carlos Pinto Leivas

    Mauren Porciúncula

    Suzi Samá
  • v. 36 n. 1 (2016)

    Editorial

    Temos a satisfação de divulgar o n. 1 do volume 36 da Revista Vidya, relativo ao ano de 2016, com publicações envolvendo temas atuais sobre o ensino e a aprendizagem na área de Ciências, Matemática e Educação. Conforme o escopo do periódico são priorizados resultados de pesquisa consolidadas e que possam vir a contribuir para novas, bem como para seu uso em sala de aula nos diversos níveis de escolaridade.

    Nesta edição temos artigos em língua portuguesa oriundos do Brasil e Portugal e de língua espanhola oriundos da Colômbia e do Perú. Os assuntos são diversos, iniciando pelo primeiro artigo que aborda a percepção de docentes a respeito da inclusão, tema atual e que merece a todo momento novas discussões e informações. Segue com artigo tratando de discussão fundamentada em Popper indicando possíveis implicações para o ensino de ciências. Como não se poderia deixar de tratar de questões avaliativas, o terceiro artigo apresenta análise de diferenças de resultados resultantes do PISA 2012 entre competências nos desenhos curriculares ente Perú e Portugal.

    Educação Matemática Crítica está presente no artigo que trata de como utilizar projetos de aula em ambientes de aprendizagem para a contextualização da representação gráfica de números inteiros. O quinto artigo é um estudo envolvendo políticas públicas implementadas na Educação Básica a partir de parcerias com Projetos como OBEDUC desenvolvidos no sul do RS, o Mais Educação, o PNLD e o ProEMI.

    Geometria está presente no artigo que aborda como pessoas de uma Comunidade Quilombola Lagoa da Pedra, Arraias, Tocantins, efetuam medidas de terra identificando a matemática escolar presente neste processo. Ainda com o tema Geometria, o artigo seguinte enfoca a aprendizagem de medição galgada quase que exclusivamente em memorização de fórmulas, num enfoque mecanicista. A pesquisa foi realizada com estudantes de quatro escolas da região de Bogotá.

    No oitavo artigo é indicada a possibilidade da Modelagem Matemática como método de ensino na análise de como ela pode se aproximar da realidade dos estudantes e no nono, a Didática Francesa se faz presente na descrição de situações-problema envolvendo o conteúdo de Integrais Dependentes de Parâmetros. No décimo, é abordada uma pesquisa de doutorada na Universidade de Aveiro, Portugal, na qual é feita pesquisa com futuros professores de Matemática no Timor-Leste a respeito do raciocínio algébrico.

    No décimo primeiro encontra-se uma investigação na área de Física, em que os autores analisam como os estudantes elaboram problemas dessa disciplina. No décimo segundo artigo é apresentada uma pesquisa bibliográfica a respeito do lúdico na formação matemática nos anos iniciais no Ensino Fundamental. Finalizando, o último artigo aborda o raciocínio proporcional em livros didáticos do Ensino Fundamental.

    Desejamos a todos uma excelente leitura.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas - Editor

  • Edição Especial - Geometria: Ensino e Aprendizagem
    v. 35 n. 2 (2015)

    Temos o prazer de apresentar este número especial da Revista Vidya, dedicado a pesquisas que envolvem o ensino, a aprendizagem e a formação de professores em Geometria.

     

    Os artigos estão organizados de acordo com o nível de ensino de Geometria focado. Dessa forma, iniciamos com os trabalhos voltados para a formação de professores e a aprendizagem nos anos iniciais do Ensino Fundamental, incluindo o ciclo de alfabetização.  Seguem-se os artigos enfocando os anos finais do Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Finalizamos com os trabalhos voltados para o Ensino Superior, incluindo os cursos de licenciatura em Matemática, responsáveis pela formação dos professores que vão ensinar Matemática, fechando o ciclo.

     

    Inicialmente, Adair Mendes Nacarato, Cidinéia da Costa Luvison e Iris Aparecida Custódio apresentam um trabalho que envolve a produção de significados em conceitos geométricos em uma turma do 3º ano do Ensino Fundamental. Os alunos trabalham colaborativamente, interagindo entre eles e com as professoras, e as mediações pedagógicas contribuem para avanços na aprendizagem do grupo.

     

    No segundo artigo, Lilian Nasser e Edite Resende Vieira tratam da formação em Geometria de professores alfabetizadores no âmbito do Pacto Nacional para a Alfabetização na Idade Certa no estado do Rio de Janeiro (PNAIC/RJ). Por meio da interdisciplinaridade e usando o referencial da Teoria de van Hiele, os formadores e professores alfabetizadores vivenciaram atividades de jogos e Resolução de Problemas geométricos.  Assim, desenvolveram estratégias para o ensino de Geometria nos anos iniciais, criando oportunidade de resgatar o destaque que a Geometria merece nesse segmento.

     

    Ainda enfocando o ciclo de alfabetização, João Alberto da Silva, Karin Ritter Jelinek e Vinicius Carvalho Beck investigam estratégias de crianças na resolução de situações problema envolvendo grandezas e medidas. As atividades envolveram o desempenho em medidas de comprimento, de tempo, comparação de idades e a contagem de notas de dinheiro, observando a influência da disposição espacial das notas para a contagem de dinheiro.

     

    Cristina Loureiro, da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Lisboa, apresenta e analisa uma compreensão dos momentos de discussão de tarefas de natureza exploratória em geometria. A investigação de natureza exploratória assumiu a forma de uma experiência de ensino e permitiu concluir que as discussões coletivas proporcionaram identificar pontos críticos e decidir a ligação entre as tarefas e a sua consequente sequenciação. Nessa discussão, constituem focos fundamentais: a sequenciação, os momentos coletivos e o papel do professor nesses momentos.

     

    A habilidade da visualização é analisada no artigo de Ana Kaleff, à luz das orientações estabelecidas nos principais documentos governamentais sobre educação inclusiva, alfabetização matemática e formação de professores de Matemática, alertando para a possibilidade de o atual ou futuro professor do segundo ciclo do Ensino Fundamental poderem não estar preparados para lidar com alunos alfabetizados segundo tais orientações. São apresentadas duas práticas didáticas voltadas ao desenvolvimento da visualização e à aprendizagem de conceitos geométricos, envolvendo recursos concretos e virtuais criados no Laboratório de Ensino de Geometria (LEG/UFF).

     

    A partir de um curso de formação docente, Débora Regina Wagner e Claudia Regina Flores analisam quatro oficinas desenvolvidas com o propósito de discutir ensino de matemática por meio da arte, bem como problematizar práticas de olhar que se estabelecem por meio de imagens da arte. Para a análise destas oficinas, consideraram-se os conceitos de visualidadeenunciadodispositivo pedagógico eexperiência formativa, centrando na problematização de um discurso geométrico, que permeou as visualidades docentes e fez emergir um modo de olhar fixado na racionalidade, na regularidade e nos elementos da geometria.

     

    Roselene Amâncio e Eliane Scheid Gazire relatam uma investigação desenvolvida com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental, com os objetivos de compreender o desenvolvimento do pensamento geométrico e identificar como os recursos didáticos podem contribuir para a aprendizagem da geometria. A pesquisa mostra que a utilização dos recursos didáticos aliados a uma reflexão intelectual sobre a experiência realizada é fundamental para o aprendizado da Geometria.

     

    Susimere Garcia da Silva Oliveira e Marilena Bittar analisam o desenvolvimento da argumentação matemática por alunos de um 8º ano por meio de atividades de construções geométricas. Apresentam um estudo sobre como o livro didático tem apresentado as demonstrações envolvidas e o papel que os guias do Programa Nacional do Livro Didático dos anos finais do ensino fundamental desempenham neste sentido, inclusive na determinação das escolhas.

     

    As contribuições da metodologia de projetos para o ensino e aprendizagem de conceitos de Geometria Espacial são analisadas na pesquisa realizada com alunos do PROEJA por Elisangela Fouchy Schons e Eleni Bisognin. Ao confeccionarem embalagens de sabonetes, os alunos tiveram uma melhor compreensão dos conceitos da Geometria Espacial e de como aplicá-los em suas atividades, indicando que a metodologia foi eficaz.

     

    Em seu artigo, Gabriel Loureiro de Lima e Maria José Ferreira da Silva analisam os conhecimentos que podem ser desenvolvidos nas disciplinas de Geometria de um curso de Licenciatura em Matemática, na modalidade a distância, acrescentando a categoria de conhecimentos didáticos às categorias de conhecimentos docentes de conteúdo, pedagógicos e tecnológicos. A análise é baseada na identificação, nos materiais didáticos de tais disciplinas, dos elementos que podem dar condições para que os alunos relacionem esses diferentes tipos de conhecimentos.

     

    O trabalho de Emilio Celso de Oliveira e Ana Chiummo analisa respostas de questões de prova aplicada a alunos de um curso de graduação em Matemática, relativamente ao conceito de semelhança de triângulos. O resultado evidenciou o envolvimento dos alunos com o estudo de semelhança de triângulos, tendo sido identificados alunos que interagiram corretamente com o conceito na situação estudada. Por outro lado, um conjunto significativo de alunos apresentou diferentes dificuldades, expressas por erros conceituais e procedimentais, ou por concepções equivocadas desse conteúdo, o que evidencia obstáculos que precisam ser superados.

     

    Viviane Roncaglio e Catia Maria Nehringan analisam registros produzidos por estudantes de Engenharia em atividades de tratamento e conversão, considerando conceitos trabalhados na disciplina de Geometria Analítica e Vetores (GAV), a partir da Teoria dos Registros de Representação Semiótica, na perspectiva da apreensão teórica do conceito de vetor e suas operações.

     

    José Carlos Pinto Leivas e Gonzalo García Camacho apresentam um ensaio teórico considerando a esfera no plano e no espaço, com o objetivo de explorar a imaginação e a visualização, com o uso de Geometria Dinâmica, na aquisição de conhecimentos necessários para a construção de um modelo de geometria não euclidiana. São utilizados os softwares Cabri 3D, GeoGebra e Maple para compreender inversão de pontos, de esferas no plano e no espaço, ângulo entre as curvas e ortogonalidade, com vistas à sua aplicação no modelo de Poincaré para Geometria Hiperbólica.

     

    Finalmente, Maria Alice Gravina discute o papel dos registros dinâmicos de representação semiótica no processo de aprendizagem da geometria, sendo essa teoria usada para o entendimento do potencial dos registros dinâmicos disponibilizados no softwareGeoGebra. Uma experiência com futuros professores de matemática, cursando uma primeira disciplina de geometria no curso de Licenciatura em Matemática da UFRGS, ilustra a discussão teórica do artigo.

     

    Esperamos que as leituras destes artigos inspirem os colegas professores no que se refere a valorizar o ensino de Geometria, a fim de possibilitar uma aprendizagem motivadora e significativa. É preciso resgatar o ensino de geometria em todos os níveis de escolaridade, e isso só será possível por meio de uma formação adequada dos professores que ensinam Matemática.

     

    Editora convidada: Lilian Nasser

    Editor: José Carlos Pinto Leivas

  • v. 35 n. 1 (2015)

    Editorial

    Temos a grata satisfação de apresentar e divulgar o v. 35, n. 1 da Revista Vidya à comunidade de educadores da área de Ciências e Matemática. Desta feita, temos nove artigos de caráter variado dentro da área e de diversos locais do país.

    No primeiro, encontramos um trabalho que aborda o tema lixo e lixo eletrônico em uma análise feita em livros didáticos do Ensino Médio e selecionados pelo PNLD em 2012. Nele, a metodologia empregada pelas autoras indicam três aspectos a serem seguidos nos materiais didáticos: sobre suas raízes; sobre as consequências em termos de impactos ambientais; sobre as alternativas quanto ao tratamento de resíduos e à disposição do lixo. A análise realizada comprovou  que os livros atendem aos critérios analisados, sendo que alguns deles facilitam sua abordagem durante as aulas de química, contribuindo com a promoção de aulas com um modelo menos tradicional.

    No segundo artigo, há resultados de uma pesquisa realizada no interior do Rio de Janeiro, na qual seus autores buscaram identificar e analisar noções que emergiram do conceito de polígonos em atividades realizadas com estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental. Os resultados elucidam ideias (desenhos, símbolos, figuras, linhas retas) dos discentes nas diferentes situações de aprendizagem implementadas e algumas relações (ter a forma de, ser parecido com) que manifestaram em suas respostas e interações sobre polígonos.

    O terceiro descreve os recursos midiáticos utilizados em cursos a distância na área de enfermagem no Brasil, com base em uma revisão bibliográfica de artigos publicados na Base  de Dados da Saúde (Lilacs e Bdenf) e na Biblioteca Virtual da Saúde (Scielo), entre os anos de 2011 e 2013. Por meio de revisão narrativa da literatura, seus autores concluíram que a educação a distância vem crescendo no Brasil, bem como a produção dos recursos midiáticos desenvolvidos e utilizados para fins didáticos no ensino na área da enfermagem.

    No quarto artigo, os autores trazem a história do desenvolvimento do Desenho Geométrico à luz de uma revisão bibliográfica com base nas primeiras ideias e noções com relação ao Desenho, as quais sempre estiveram presentes em situações isoladas e pouco sistematizadas na realização das atividades cotidianas. Esse fato tornou-se um fator relevante para a evolução dos conhecimentos matemático, científico e tecnológico desenvolvidos pela humanidade.

    No quinto, os autores apresentam resultados de uma pesquisa que teve por objetivo utilizar a Teoria dos Registros de Representação Semiótica nas conversões realizadas entre registros associados aos objetos matemáticos, que emergem em atividades de modelagem matemática desenvolvidas por alunos do Ensino Médio. Pautados nos princípios da Análise de Conteúdo, identificaram três categorias para as conversões entre diferentes registros de representação produzidos pelos estudantes.

    Já o sexto artigo relata resultados de uma pesquisa de mestrado, a qual identificou, analisou e discutiu aspectos do pensamento algébrico e da linguagem manifestados por estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao resolverem problemas em um experimento de ensino, metodologia devida a Steffe e Thompson (2000). A coleta de informações ocorreu em 2012, em uma escola pública de Palotina – PR. Como resultado, foram identificados alguns aspectos de pensamento algébrico nos registros escritos dos estudantes, destacando o desenvolvimento de uma linguagem sincopada para expressar-se matematicamente, a utilização de símbolos não convencionais e convencionais relacionados a conceitos e propriedades, a compreensão dos conceitos envolvidos no problema, a utilização da proporção direta, a resolução de equações por meio de operações inversas, a análise e expressão de relações entre grandezas desconhecidas sem recorrerem a valores específicos, entre outros.

    A resolução de problemas na Educação Infantil é abordada no sétimo trabalho, no qual suas autoras apresentam um estudo de caso envolvendo 10 estudantes entre 5 e 6 anos. Por meio da aplicação de duas situações-problema, uma de multiplicação e outra de divisão, foi possível trabalhar com esses problemas antes de o professor fazer uso do algoritmo, no início da vida escolar das crianças. A entrevista realizada com a professora evidenciou uma convergência entre o desempenho apresentado pelos estudantes, as concepções da professora acerca do campo conceitual das estruturas multiplicativas e o modo como ela conduz sua prática pedagógica.

    O oitavo artigo apresenta resultado de uma pesquisa realizada com base na Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, com a aplicação de uma atividade didática de ensino, envolvendo a teoria microscópica da condução elétrica.  A análise qualitativa dos resultados da aplicação permite inferir indícios de uma compreensão expressiva do conceito estudado, bem como indicativo de uma aprendizagem significativa.

    Para finalizar, o último artigo apresenta um estudo teórico que buscou evidenciar a evolução e a generalização epistemológica em torno do tema Sequência de Fibonacci, a partir de livros de História da Matemática. Por intermédio de um estudo bibliográfico, seu autor buscou a demarcação de uma espécie de abordagem do assunto, com a intenção de divulgação científica, no âmbito da formação inicial de professores de Matemática.

    Como pode ser observado, há uma variedade de temas abordados, todos relacionados ao ensino. Esperamos que nossos leitores tenham uma boa leitura e que os textos auxiliem novas investigações.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas )Editor Chefe).

     

  • v. 34 n. 2 (2014)

    Editorial

    Apresentamos a o v. 34, n. 2, correspondente ao segundo semestre de 2014, com um total de 10 artigos envolvendo pesquisas consolidadas na área de Ensino e Educação em Ciências e Matemática, oriundos de várias instituições e de pesquisadores renomados.

    No primeiro artigo é apresentada a metodologia Lesson Study numa experiência realizada em uma disciplina de Didática no curso de Licenciatura em Matemática na UFRJ, a qual se revelou um grande potencial pedagógico na formação de professores. No segundo, é descrito o uso do aplicativo DIALMAKER para a produção de um relógio de sol e sua utilização em atividades de Física na escola básica. No terceiro, foi feita uma investigação, com alunos e os respectivos professores, a respeito de abordagens sobre números relativos na escola básica, identificando dificuldades de interpretação e resolução de problemas sobre aplicações desse conteúdo. No quarto artigo é feita investigação sobre a maneira como estudantes do Ensino Médio utilizam diversos tipos de representações semióticas no estudo de função. Fechando um primeiro bloco de cinco artigos, é apresentado um mapeamento de teses e dissertações produzidas no Brasil sobre abordagens no ensino de Cálculo Diferencial e Integral.

    Comparando práticas educativas no contexto escolar em ciências naturais é o sexto artigo, o qual, por meio de parâmetros da Pesquisa Qualitativa, buscou descrever e analisar essa prática educativa, com ênfase em repertórios de ensino e conteúdos procedimentais, de duas docentes em contextos distintos: Reforço Escolar e Ciências Naturais. No sétimo é apresentado um recorte de tese de doutorado, no qual o autor teve por objetivo a inserção de assuntos ambientais por meio de módulos didáticos para a abordagem dos conteúdos. O oitavo artigo apresenta resultados de uma investigação que utiliza o jogo LobaRiemann para o ensino de Geometrias Não-Euclidianas e  utiliza a  Teoria da Aprendizagem Significativa. No nono artigo é apresentada uma reflexão sobre o desempenho de professores participantes de um projeto de extensão:  Laboratório de Matemática como Espaço para a Formulação e a Resolução de Problemas Matemáticos e o Intercâmbio Universidade-Escola, a respeito do ensino de Geometria. Para finalizar a edição,  é abordado no artigo a análise de atividades didáticas interdisciplinares e contextualizadas, relacionadas ao estudo da biodiversidade regional utilizando-se dos conhecimentos das ciências da natureza e da arte na formação docente.

    Desejamos a todos uma boa leitura, esperando contribuir para novas investigações com as investigações aqui relatadas.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas (Editor chefe)

  • v. 34 n. 1 (2014)

    Editorial

    A revista Vidya está lançando o volume 34, primeiro número, ano de 2014, de forma muito significativa pois a esta estará sendo editada pelo Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas SEER pela plataforma http://www.periodicos.unifra.br/index.php/VIDYA, a partir de então. Um segundo motivo diz respeito à decisão de que a revista seja ligada ao Mestrado e Doutorado em Ensino em Ciências e em Matemática, aprovado recentemente pela CAPES, além do Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e de Matemática. Mais uma marca importante deste número é que ele é constituído de 16 artigos de renomados pesquisadores, da área de Ensino de Física e de Matemática, convidados para a edição comemorativa aos dez anos do Mestrado Profissionalizante em Ensino de Física e de Matemática do Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, aos quais já antecipamos nossos agradecimentos.

    Observa-se, em cursos de Licenciatura, que cada vez mais os egressos sentem dificuldades na sua prática docente quanto ao modo de ensinar e quanto ao conteúdo a ser trabalhado. Outro obstáculo que se apresenta é a dicotomia entre o domínio do conteúdo específico e a formação pedagógica.

    Nessa trajetória, percorrida por muitos dos professores, coloca-se a formação continuada como uma ação e um espaço de atualização tanto de conteúdos quanto de reflexão da prática, capazes de provocarem mudanças na qualidade de ensino. Ela pode ser desenvolvida nos cursos de curta duração ou em cursos de pós-graduação lato sensu e stricto sensu.

    Nesses espaços de formação continuada, os professores têm oportunidade de analisar as experiências vivenciadas pelos colegas, trabalhar com o conteúdo e refletir sobre suas concepções e suas práticas pedagógicas. Sabe-se que muitos professores atuantes hoje na Educação Básica têm como única formação a licenciatura, e estes cursos não dão conta de proporcionar aos alunos propostas eficientes e diversificadas para atuarem como professores, pois os conhecimentos adquiridos durante a formação inicial tornam-se insuficientes para o exercício de suas funções de professor ao longo de sua trajetória profissional.

    Ciente dessa realidade, o Centro Universitário Franciscano de Santa Maria, RS, oferece o Curso de Mestrado Profissional em Ensino de Física e de Matemática com o propósito de oferecer aos professores a oportunidade de realização de estudos e pesquisas em relação aos conteúdos específicos e contribuir com um suporte teórico-metodológico, visando oferecer consistência pedagógica e científica à apreensão crítica da prática escolar exercida pelo docente.

    Criado em 2004, o curso objetiva capacitar, em nível de pós-graduação stricto sensu, profissionais do ensino de Física e de Matemática em exercício nos sistema de ensino, nos níveis fundamental, médio e superior, como em cursos de licenciatura, e oportunizar uma formação profissional, buscando a integração entre conteúdos específicos, teorias de aprendizagem e metodologias de ensino apropriadas ao ensino de Física e de Matemática.

    Conforme estabelecido em seu projeto de criação, o curso, ao propor objetivos que contemplam tanto a apropriação de conteúdos curriculares, quanto a apropriação dos métodos de ensino e de pesquisa, adequados ao ensino de Física e de Matemática, possibilita aos mestrandos realizarem pesquisas sobre os conteúdos e o processo de ensino-aprendizagem na educação escolar e a fazer uso dos instrumentos teórico-práticos específicos da função docente, no sentido de exercer de modo eficiente a sua profissão.

    Os mestrados profissionais da área de ensino seguem a orientação da CAPES e, nesse sentido, buscam contribuir significativamente para a qualificação do ensino por meio de uma formação continuada de professores dos níveis fundamental e médio e de professores que atuam em cursos de licenciatura; propiciar a formação de docentes para atuar no sistema escolar quanto aos aspectos de avaliação, coordenação, formação de grupos de trabalho para analisar e refletir a prática pedagógica. Nesse sentido, nestes dez anos de trajetória, o curso de mestrado Profissional em Ensino de Física e de Matemática tem contribuído, por meio das dissertações e seus produtos pedagógicos, para a qualificação da formação docente. Esses produtos agregam valor social ao contexto educativo e à comunidade em geral.

    Na página do curso, disponível em  http://sites.unifra.br/Default.aspx?alias=sites.unifra.br/fisicamatematica, encontra-se um repositório de produtos pedagógicos que servem de subsídios para professores dos diferentes níveis de ensino.

    Os temas das dissertações e seus respectivos produtos contemplam os problemas da educação e da sociedade e as especificidades do ensino de Física e de Matemática, considerando as delimitações traçadas nas linhas de pesquisa do curso, quais sejam: trabalho pedagógico e suas repercussões no ensino de Física e trabalho pedagógico e suas repercussões no ensino de Matemática.

    Ao longo dos dez anos de atuação, o curso formou um contingente de aproximadamente 100 professores oriundos dos mais diversos locais do estado do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Amazonas e Amapá, abrangendo os anos finais do Ensino Fundamental, Médio e Superior. Além disso, muitos dos egressos estão atualmente em Coordenadorias Estaduais e Municipais de Ensino, coordenadorias pedagógicas das escolas, contribuindo, dessa forma, com a qualificação do quadro docente dessas escolas e instituições de ensino superior das diferentes regiões do Brasil.

    Os leitores encontrarão artigo que aborda aproximação entre diferentes campos do conhecimento em educação como a etnomatemática, a etnobiologia e a etnoecologia; resultados de pesquisa que objetivam investigar o impacto do mestrado profissionalizante em ensino de Matemática em egressos do curso; investigação sobre a educação inclusiva em Geometria com deficientes visuais; discussão sobre os parâmetros que podem ser utilizados pelos docentes dos anos iniciais para o ensino de Matemática e, fechando um primeiro bloco, uma sequência didática eletrônica envolvendo frações destinada a alunos com necessidade de estudos de recuperação no ensino fundamental.

    Em um segundo bloco, são apresentados mais cinco artigos, sendo o primeiro um relato de experiência abordando a Nanociência no ensino médio;  artigo que traça um panorama sobre o surgimento, o desenvolvimento, a divulgação, a caracterização e aplicações da curva normal; no seguinte, os autores tecem considerações sobre a inserção social como uma das características do Mestrado Profissional, por meio de alguns produtos gerados nesta modalidade; a modelagem matemática a partir da construção de termômetros de água feitos em aula ou laboratório escolar é apresentada e finaliza-se o bloco com artigo que analisa o uso de objetos de aprendizagem em Física para o ensino médio.

    O terceiro bloco contém seis artigos e inicia com uma investigação sobre as estruturas cognitivas envolvidas na construção de autovalores e autovetores, segundo a Teoria APÓS; um estudo sobre as medidas de tendência central e de dispersão nos programas de livros didáticos de Matemática do ensino médio do Brasil e da França é analisado no artigo; a resolução de problemas se acha presente no relato que  descreve e analisa experiências realizadas com Educação de Jovens e Adultos e Formação Inicial de Professores; uma discussão teórica sobre a colisão com efeito estilingue com pêndulos e a transferência de momento linear e energia cinética aqui é feita; os jogos de linguagem de Wittgenstein em atividade de modelagem matemática é o tema do penúltimo artigo do bloco, o qual finaliza com o estudo realizado que objetiva verificar como alunos resolvem exercícios de Cálculo mediados por tecnologia digital.

    Dessa forma, agradecemos aos nossos convidados colaboradores com a edição especial comemorativa aos dez anos do Mestrado Profissional em Ensino de Física e de Matemática e desejamos a todos uma excelente leitura.

    Profa. Dra. Eleni Bisogni (coordenadora do Mestrado e editora convidada para a edição)

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas (editor chefe)

  • v. 33 n. 2 (2013)

    Editorial

    Apresentamos o volume 33, n. 2 da revista Vidya, correspondente ao segundo semestre de 2013. Desta feita, são dez artigos que envolvem temática diversificada. No primeiro, seus autores propõem a criação de um objeto de aprendizagem para o Cálculo a partir do resultado da aplicação do teste ILS em uma pesquisa realizada com 54 estudantes de Cálculo Diferencial e Integral. No segundo, as autoras discutem a possibilidade de utilizar a obra “A aritmética da Emília”, de Monteiro Lobato, como fonte de pesquisa em História da Matemática. No terceiro artigo, as autoras mostram resultados  de pesquisa realizada em periódicos de Educação Matemática cujos autores pesquisam sobre dificuldades, erros e obstáculos. Além disso, buscam identificar contribuições que tais artigos possam trazer para a área de Ensino de Ciências e Matemática.

    No quarto artigo, seus autores apresentam uma pesquisa etnomatemática realizada com uma comunidade quilombola do estado do Tocantins, na qual buscam identificar as ideias matemáticas envolvidas no processo de produção e partilha de hortaliças na comunidade. O quinto artigo também envolve a Etnomatemática, em que sua autora procura articulação entre esse ramo do conhecimento e a História da Matemática, argumentando a possibilidade dessa articulação como um método de ensino e aprendizagem. A trigonometria está presente no sexto artigo em que seus autores apresentam um produto educacional que visa à aprendizagem e ao treinamento de funções trigonométricas, utilizando o GeoGebra para estudantes de um curso Técnico em Eletrônica, nível médio, no estado do Rio de Janeiro. Foi elaborado um teste a partir das Situações Didáticas e dos níveis de Van Hiele.

    O artigo sete traz a modelagem matemática crítica como método investigativo, sendo um recorte de uma pesquisa de mestrado realizada com alunos do ensino médio. Seus autores têm como objetivo proporcionar a discussão sobre a modelagem matemática crítica em corroboração da Educação Matemática Crítica. No artigo oito, os autores apresentam um estudo qualitativo que pretende analisar a percepção de futuros professores de Matemática, em formação, sobre Matemática e sobre seu processo de ensino e aprendizagem. No nono artigo, apresenta-se uma pesquisa bibliográfica sobre contextualização no ensino de Química sob a perspectiva Ciência, Tecnologia e Sociedade. Foi identificado que a maioria das publicações analisadas refletem as orientações emanadas dos Parâmetros Curriculares Nacionais sobre a formação do cidadão crítico em uma perspectiva CTS. Para finalizar a edição, o último artigo aborda o atual tema inclusão. Por meio de uma pesquisa exploratória documental e bibliográfica, os autores evidenciaram que são necessárias muitas ações públicas que possibilitem a implantação das leis correspondentes à deficiência no âmbito escolar.

    Dessa forma, com a variedade de temas abordados na edição, acreditamos estar oferecendo a nossos leitores e pesquisadores novas fontes de consulta oriundas das pesquisas aqui divulgadas. Informamos que, a partir do próximo ano, o processo de submissão e editoração estará sendo realizado pelo sistema eletrônico de editoração de revista (SEER), cujo endereço divulgaremos, oportunamente, na página.

    Boa leitura.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

  • v. 33 n. 1 (2013)

    Editorial

    A revista Vidya está chegando novamente até nossos leitores, desta feita com oito artigos diversificados tanto em temas quanto em suas origens. Isto demonstra que ela está cada vez mais consolidada entre educadores brasileiros, por estar no Qualis, ser indexada e apresentar artigos de pesquisa subscritos por renomados pesquisadores.

    O primeiro artigo trata de uma pesquisa realizada com professores de Matemática em uma oficina envolvendo conteúdos das séries finais do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, com o objetivo de desenvolver argumentação na construção de significados matemáticos em atividades de geometria, intermediadas por softwares gratuitos. Concluíram haver evidências que nas atividades realizadas com os professores, os questionamentos que conduziram à argumentação, ao diálogo, à troca de informações e à complementação de ideias enriqueceram os encontros, ampliando e aprofundando a discussão dos conceitos. No segundo artigo, a autora apresenta uma discussão de como ocorrem as relações entre linguagem e pensamento matemático. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, buscou verificar quais contribuições têm sido dadas à Educação Matemática, possibilidades e limitações quanto ao uso deliberado da linguagem em sala de aula.

    No terceiro artigo, apresenta-se um relato parcial de uma pesquisa que analisou o uso do quadro-negro e da informação de jornais para o estudo de porcentagem no Ensino Médio na Educação de Jovens e Adultos no Chile. A metodologia da pesquisa foi a Engenharia Didática e comprovou que a forma como a informação, oriunda de jornais e utilizada pelo professor, é um fator importante para jovens e adultos elaborarem conexões do conteúdo matemático com os contextos sociais. Com relação ao uso do quadro, as autoras concluíram que essa deve ser uma estratégia inicial na direção de uma prática pedagógica centrada no aluno. A estatística é abordada no quarto artigo em uma pesquisa realizada em projeto de Educação Infantil que buscou analisar a forma como as crianças problematizam, elaboram instrumentos, coletam e analisam dados. Como alunos do Ensino Fundamental de 13 anos de idade podem fazer uso de recursos tecnológicos para a construção de novos conhecimentos envolvendo a Estocástica, foi o que os autores se propuseram a investigar no Ensino Fundamental e, no Médio, observaram o desenvolvimento dos alunos em projetos estatísticos em ambientes de Modelagem Matemática.

    Uma experiência nos anos iniciais em aulas de Matemática foi o tema do estudo apresentado no quinto artigo. Os autores investigaram como alunos de um quarto ano do Ensino Fundamental de uma escola pública do Paraná lidam com questões abertas de Matemática. Buscaram informações a respeito do raciocínio dos alunos bem como reflexões sobre a prática docente. O sexto artigo trata de uma pesquisa-ação realizada com alunos do 5º ano do Ensino Fundamental do estado de São Paulo a respeito da poluição causada por resíduos fósseis. Os registros escritos e orais revelaram a mobilização de recursos cognitivos, procedimentais e atitudinais dos alunos para favorecer uma Educação Ambiental.

    A Física Moderna é tratada no 7º artigo, no qual seus autores elaboram um estudo comparativo entre livros de Física, disponibilizados no Plano Nacional do Livro do Ensino Médio 2009 e Plano Nacional do Livro Didático 2012, com relação a esse conteúdo. Concluíram que os livros didáticos vêm explorando cada vez mais o conteúdo, de forma prática, aprimorando seu tratamento. Para finalizar a edição, o último artigo, também envolvendo o ensino de Física e análise de livros didáticos, apresenta um histórico do ensino de Ciências no país, bem como a formação docente sobre o tema Astronomia a fim de que possa ser desenvolvido na escola.

    Acreditamos que os artigos desta edição muito têm a contribuir com nossos leitores, especialmente com as sugestões aos professores para suas salas de aula. Além disso, podem ser utilizados para novas pesquisas relacionadas aos temas aqui apresentados. Desejamos a todos uma excelente leitura.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

  • v. 32 n. 2 (2012)

    Editorial

    Temos o prazer de apresentar o número 32, v.2 do periódico Vidya, o qual contém dez artigos, completando um total de 17 artigos publicados no ano de 2012. A demanda tem sido cada vez maior por nossa revista, o que nos deixa muito satisfeitos. Desta feita, temos artigos oriundos dos estados do Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Ceará, além de nosso estado, o que demonstra estarmos cada vez conquistando novos espaços. Em todos os artigos temos doutores renomados assinando-os, quer isoladamente, quer em parceria com membros de seus respectivos grupos de pesquisa ou seus orientandos de mestrado e doutorado. Os artigos versam sobre temas diversos, abrangem os vários níveis de ensino, desde séries iniciais até o ensino superior.

    No primeiro artigo, os autores apresentam um relato de experiência em que abordam contribuições do teatro para o ensino e a aprendizagem na formação docente nas Ciências Naturais, realizada em um curso de Pedagogia na cidade de Santa Maria, no RS. Utilizam o teatro como alternativa metodológica, tanto para o ambiente escolar quanto para a formação de professores, mostrando que as interações dos saberes se tornam complementares e grandes aliadas ao processo educacional.

    No segundo artigo, os autores apresentam uma pesquisa bibliográfica na qual indicam como ocorre a representação do espaço na infância. Identificam as principais características, apontadas por Piaget e seus colaboradores, quanto à importância que noções topológicas desempenham na formação geométrica, juntamente com as relações projetivas e euclidianas. São ilustrados alguns conceitos dessas noções, que podem ser utilizados na construção do pensamento geométrico.

    No capítulo três, é apresentada uma pesquisa na área de ensino e aprendizagem em Física, em que se dá importância ao feedback tanto em ambientes convencionais quanto em digitais. Seus autores apontam que o feedback processual servirá como suporte para a intervenção didático-pedagógica por parte do professor, o qual passará então a contar com um recurso digital que, apesar de não substituir o espaço sociocultural da sala de aula, permitirá uma compreensão maior das dificuldades de aprendizagem.

    O capítulo quatro, oriundo de São Paulo, traz um importante recorte de pesquisa de doutorado de uma das autoras sob a orientação da outra, levada a efeito em Curso de Licenciatura em Matemática. Com esta pesquisa objetivou-se mapear os saberes dos alunos em relação aos conteúdos de Física aprendidos no Ensino Médio. No cenário de um curso em que se trabalhava aspectos da Didática da Matemática articulados ao ensino de Física, os autores apontaram fragilidade em relação aos conhecimentos de Física apresentados pelos futuros professores.

    No capítulo cinco, seus autores ilustram um estudo de caso de como ocorreu inclusão digital em laboratórios do Proinfo na cidade de Bagé, no interior gaúcho. A pesquisa pautou-se na verificação de como ocorreram mudanças de ensino e de aprendizagem nas concepções e atitudes dos agentes de escolas municipais daquele município.

    No capítulo seis, apresenta-se um recorte de uma pesquisa de mestrado, em que o pesquisador e sua orientadora discorrem sobre uma ação de formação continuada a distância com professores de matemática que atuam em laboratórios de escolas públicas do estado de Mato Grosso do Sul. No artigo, analisam a aprendizagem de um professor em formação ao interagir com outros colegas no ambiente virtual, bem como o papel do formador.

    No capítulo sete, é apresentada uma pesquisa que investigou sobre contribuições ao ensino de trigonometria com ênfase na modelagem matemática e o uso de recursos tecnológicos. Por meio da engenharia didática, seus autores aplicaram a pesquisa em turmas do Ensino Médio, em uma escola de Minas Gerais. O uso de applets na exploração do círculo trigonométrico e no estudo das representações gráficas das funções trigonométricas viabilizou a exploração visual e a integração da álgebra e da geometria para favorecer a aprendizagem de alguns conteúdos de Trigonometria.

    No capítulo oito, apresentam-se resultados de uma pesquisa qualitativa de mestrado sobre uma proposta metodológica, envolvendo alunos do Ensino Médio de um colégio estadual da cidade de Ponta Grossa, no Paraná, para o ensino de conceitos básicos de Geometria Fractal. Foi evidenciado que há uma defasagem dos alunos em relação à compreensão de conceitos básicos integrados ao ensino e, também, é possível ao professor abordar outras geometrias, utilizando atividades diferenciadas nas quais o aluno tome efetiva participação do processo.

    No capítulo nove, também resultado de pesquisa de mestrado, relata-se a visão do professor a respeito dos níveis de argumentação e prova apresentados por alunos de Escola Básica, do Rio de Janeiro, em Matemática. Em uma primeira etapa, os alunos responderam a questões que fogem à simples aplicação de resultados conhecidos e à realização de cálculos e na segunda etapa, professores foram convidados a analisar e dar notas a diferentes argumentos extraídos de respostas obtidas na primeira etapa.

    Para finalizar este número, é apresentada uma pesquisa oriunda do Ceará em que seu autor identifica que as atividades de investigação do profissional matemático e do estudante apresentam elementos de natureza cognitiva e de ordem comuns. Discute o papel e as características do insight, descrevendo e analisando suas ligações com a percepção e a intuição. Para evidenciar possibilidades de uso no ensino, apresentam-se situações as quais envolvem o Cálculo Diferencial e Integral.

    Esperamos que os trabalhos possam contribuir para novas pesquisas e para aquelas em andamento, bem como para o engrandecimento da prática de nossos professores. Desejamos a todos excelente leitura.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

     

  • v. 32 n. 1 (2012)

    Editorial

    Estamos trazendo aos nossos leitores o primeiro volume do ano de 2012 com novidades. Em primeiro, anunciamos que, a partir deste número, o periódico não mais será editado na forma impressa tornando-se, exclusivamente, on-line o que permitirá um dinamismo maior na sua elaboração. Em segundo lugar, anunciamos dois artigos estrangeiros, um oriundo de Portugal e o outro da Argentina, o que mostra que estamos ultrapassando as fronteiras de nosso país e despertando pesquisadores internacionais para publicação na Vidya que a qualifica, a cada edição, como um periódico de pesquisa científica reconhecido. As questões educacionais cada vez mais se consolidam nos artigos que compõem esta edição.

    O primeiro artigo é voltado às séries iniciais do Ensino Fundamental em que as pesquisadoras Isabel de Lara e Regina Borges apresentam resultados de uma pesquisa realizada no RS sobre a construção da estrutura multiplicativa.

    O artigo intitulado A RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS DE DIVISÃO PARTITIVA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL é um estudo de caso, realizado com 50 alunos, o qual mostrou que alguns alunos conseguiram resolver um problema de divisão bem antes de lidar com algoritmos.

    O segundo artigo apresenta resultados de uma pesquisa de mestrado, que investigou se as reuniões de formação continuada para professores de Matemática dos anos finais do Ensino Fundamental, oferecidas pela Secretaria de Educação (SEMED) da cidade de Uruguaiana-RS, vêm possibilitando formação continuada aos professores participantes e têm atendido suas necessidades formativas. Os pesquisadores Carlos Alfaro e Silvia Isaia, em pesquisa de cunho qualitativo e exploratório, utilizaram a observação participante durante as reuniões formativas, questionários e entrevistas para a coleta de dados da pesquisa.

    Resultado de pesquisa realizada em mestrado na PUC-SP, o artigo ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS UTILIZADAS PELOS ESTUDANTES NO ESTUDO DE FUNÇÕES LOGARÍTMICAS E EXPONENCIAIS, de Adriana dos Santos  e Barbara Bianchini, utiliza o GeoGebra na busca do reconhecimento da função logarítmica como inversa da exponencial. A pesquisa tem como referencial teórico os Registros de Representação Semiótica de Duval e os Processos do Pensamento Matemático Avançado de Dreyfus e, como metodologia de pesquisa, os pressupostos da Engenharia Didática.

    Com o título PERCEPÇÕES DE JOVENS E ADULTOS SOBRE A MATEMÁTICA, suas autoras Roseli da Rosa e Neiva Grande apresentam no artigo quatro resultados de pesquisa qualitativa realizada na região de Passo Fundo-RS, envolvendo três instituições desta localidade, das quais duas são escolas da rede municipal e uma da rede estadual de ensino. Concluíram que tanto as atitudes dos alunos como as dos professores influenciam diretamente na permanência dos primeiros na escola e vislumbram a necessidade de repensar a metodologia da matemática, na tentativa de contemplar as experiências, os conhecimentos e os motivos que os levaram novamente à escola.

    O quinto artigo apresenta uma forma de utilizar a tecnologia do Moodle no ensino de Biologia, de autoria de Kely Faria e Lucia Giraffa. Trata de uma pesquisa que visa destacar a importância do aluno como protagonista da construção do seu próprio conhecimento com base no que oferecem as tecnologias atuais para o ensino. Os resultados demonstraram que os alunos puderam vivenciar na sala de aula da disciplina Biologia, e fora dela, oportunidades e discussões que não foram evidenciadas nos trimestres anteriores, quando da utilização de recursos mais tradicionais.O artigo MODELAÇÃO E APLICAÇÃO MATEMÁTICA NOS CURSOS PROFISSIONAIS DO ENSINO SECUNDÁRIO: UM REFERENCIAL DE AVALIAÇÃO, vem do além-mares, de autoria de Sandra dos Santos, Teresa Neto e Maria Loureiro. Relaciona investigação em curso sobre Avaliação da Gestão Curricular da Matemática nos Cursos Profissionais de nível III do ensino secundário em Portugal, onde a Modelação Matemática surge como um eixo estruturante para o desenvolvimento das competências matemáticas e das competências contempladas no perfil profissional de cada curso técnico-profissional.

    Por fim, o sétimo artigo intitula-se FRACTALES A NUESTRO ALREDEDOR, oriundo da Argentina, cujos autores, Juan Valdes e Leonel Parra, nos brindam com um trabalho sobre o atual tema fractais, no qual ilustram com uma riqueza de imagens próprias do tema e coletadas pelos próprios autores. Ilustram como a Matemática se encontra presente na vida das pessoas, na natureza, nas artes, por exemplo, estabelecendo algumas conclusões em relação a Educação Matemática.

    Desejamos a todos nossos leitores excelentes leituras e contribuições para pesquisas em andamento.


    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

  • v. 31 n. 2 (2011)

    Editorial

    Para o segundo número da edição 2011, do periódico Vidya, fizemos uma chamada especial com a temática Ensino de Física e Matemática. Recebemos, para nossa satisfação, um número considerável de trabalhos de pesquisa e de relatos de experiências de vários estados brasileiros, o que demonstra haver uma demanda por periódicos específicos para essas áreas do conhecimento.

    Nem todos os encaminhamentos puderam ser atendidos em função dessa demanda, uma vez que atingimos o número de oito artigos para publicação, como desejado. Assim, os artigos, que se encontram ainda em processo de avaliação e que venham a ser recomendados para publicação, serão contemplados na próxima edição. Agradecemos a todos que nos privilegiaram enviando seus trabalhos e esperamos que continuem contribuindo para o bom andamento da revista.

    Nesta edição, encontramos no primeiro artigo um trabalho sobre a evolução da Física Moderna encontrada em livros didáticos avaliados pelo Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio, proposto por Lucas Dominguini. Nessa pesquisa bibliográfica, o autor analisa como questões históricas da evolução da Física Moderna são tratadas pelos autores de livros didáticos e conclui que a abordagem é feita de forma e intensidade distintas delegando ao professor a importância de participação e escolha do livro a ser adotado.

    O segundo artigo trata de uma pesquisa em que os autores Maria Soistak, Nilcéia Pinheiro e Luiz Pilatti analisam trabalho realizado por professores de escolas públicas municipais de Ponta Grossa, no Paraná, a respeito do ensino da Matemática por meio de projetos interdisciplinares. A partir de pressupostos indicados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, os autores concluem que os docentes ainda apresentam insegurança no trabalho com essa metodologia, havendo necessidade de maior tempo de preparação de aulas e mais conhecimento para atuação nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

    O terceiro artigo relata experiências realizadas em projetos de pesquisa de iniciação científica financiada pelo CNPq no estado do Mato Grosso do Sul realizada por Klinger Ciríaco e Neusa Souza, sendo recorte de projeto de mestrado do primeiro autor. Trata de investigar e entender relações entre práticas de letramento matemático envolvendo um grupo de mães de alunos de uma escola da periferia da cidade de Três Lagoas e a formação de seus filhos.

    O quarto artigo, de Keila dos Santos e sua orientadora Arlete de Jesus Brito, visa evidenciar relações existentes entre os discursos que buscam normatizar a atividade de trabalho do setor industrial e os legislativos, que direcionam a formação, e o trabalho docentes num cenário histórico relevante para a formação de professores.

    O estudo constante do quinto artigo explora e comunica ideias sobre o importante tema Isometrias para a formação de professores de Matemática, de autoria de Maria Lage e Maria Clara Frota. Apresenta resultado de parte de uma pesquisa de mestrado em que foram investigadas possibilidades de mobilização das formas de pensamento matemático no estudo de Transformações Geométricas do Plano com o uso do software GeoGebra. A pesquisa aponta que os alunos mobilizaram formas variadas de pensamento matemático, comunicam oralmente suas descobertas sobre isometrias de polígonos, mas apresentaram dificuldades na elaboração dos registros escritos e formalização das ideias matemáticas. O ambiente informatizado e a postura investigativa adotados favoreceram a articulação entre as formas de raciocínio algébrico e geométrico, contribuindo para o estudo das isometrias.

    A História da Matemática é retratada no sexto artigo, de autoria de Leoni Fillos, Izabel Bonete e Joyce Caetano. A pesquisa investigou se obras literárias que abordam fatos históricos relacionados ao desenvolvimento da Matemática como ciência, disponibilizadas em bibliotecas de escolas estaduais do Paraná, vêm sendo consultadas, lidas e utilizadas por professores de Matemática e se a leitura dessas obras provoca mudanças de postura em relação à incorporação da História nas aulas de Matemática. Os resultados apontam que um percentual muito pequeno de professores busca aprimorar seu conhecimento matemático e metodológico por meio da leitura e, ainda, que professores que leem mais utilizam com mais frequência a História da Matemática em suas aulas.

    O sétimo artigo, denominado O Uso da Estrutura Multiplicativa na Resolução de Problemas nos Anos Iniciais da educação básica, de autoria de Isabel de Lara, apresenta um estudo de caso com base nos campos conceituais de Vergnaud, que tratou da construção da estrutura multiplicativa, realizado com 50 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental em uma escola pública de Porto Alegre. Por meio da análise de como resolveram duas situações-problema sobre multiplicação, foi constatado que, entre os participantes, alunos de 1° e 2° anos tiveram desempenho melhor do que alguns de 4º e 5º anos que já faziam o uso de algoritmos. Tal resultado permite refletir sobre a exigência usual quanto à memorização dos resultados de uma multiplicação, concebidos tradicionalmente como “tabuada”.

    A edição é completada com o oitavo artigo, no qual seus autores, Janisse Viero e João Rocha, apresentam reflexões em torno de uma estratégia didática utilizada na construção de prática lúdica e criativa para o ensino de Ciências em escolas, implementada em um minicurso para professores da Educação Infantil e o do Ensino Fundamental de uma escola pública do RS. Os participantes apresentaram dificuldades em propor atividades de observação e experimentação em ciências, o que sugere limitações na sua formação. A análise aponta na direção da necessidade de preparação dos professores para o ensino de Ciências nos cursos de formação.

    Desejamos a todos uma excelente leitura e contribuição para estudos futuros e práticas educativas e esperamos dar continuidade ao trabalho com novas contribuições.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

  • v. 31 n. 1 (2011)

    Editorial

    Ao assumirmos a editoração do periódico Vidya, no primeiro semestre, logo nos deparamos com um número significativo de artigos para avaliação, o que demonstra a credibilidade com o que está sendo percebido junto à academia e nos deixa muito lisonjeados e animados com o trabalho para que se alcance o patamar científico almejado. Temos o prazer de apresentar o v. 1, edição 2011, constando de oito artigos de áreas diversificadas. Desejo a todos uma boa leitura e proveito para a prática educativa e para novas investigações.

    O primeiro artigo, relacionado à área da saúde, apresenta resultado de pesquisa que analisa o perfil de vítimas de violência física e de acidentes de trânsito atendidos num hospital de ensino, com enfoque de processos socioeducativos. A pesquisa demonstra a predominância do sexo masculino como agressor, de baixa escolaridade, sem relação com a vítima, sendo a agressão física a de maior incidência e como vítima encontrou a faixa etária predominante de adulto jovem, etnia branca, sexo masculino, escolaridade baixa, sem vínculo empregatício. O artigo aponta a pertinência em relacionar a temática à educação e à saúde.

    O segundo artigo tem por objetivo verificar a relação entre forma e significado do input escrito por aprendizes de língua inglesa por estudantes brasileiros. Os resultados da pesquisa indicam que a presença do advérbio temporal nas frases teste facilitou o seu processamento em níveis menores de aprendizagem e que a presença da saliência morfológica nas frases teste não parece ter sido significativa para um maior índice de acertos.

    A pesquisa constante do terceiro artigo visou apresentar propostas de inserção curricular de temas nas escolas, voltados para a Educação Ambiental Objetiva, vinculada aos respectivos currículos escolares do ensino fundamental propiciando à cidade de Santa Maria um nível de vida ambiental orientado. São apresentadas algumas contribuições relevantes para a formação dos alunos em conhecimentos ambientais, com informações científicas voltadas aos Recursos Naturais Renováveis. Como resultado das análises estatísticas constantes da pesquisa foi, observado que o conhecimento da temática ambiental no ensino fundamental é superior ao ensino médio.

    O quatro artigo é parte de uma pesquisa de mestrado na qual é apresentado relato parcial de uma investigação realizada com alunos de 2º ano de Ensino Médio, em aulas de reforço, sobre conteúdos de Trigonometria. O trabalho teve como objetivo analisar o uso de materiais manipuláveis como ferramenta para a exploração de conteúdos matemáticos, na resolução de problemas trigonométricos. A análise das resoluções das questões propostas no instrumento mostrou que os estudantes têm muitas dificuldades em relação aos conteúdos de Trigonometria. São apresentados dados da pesquisa quanto à aplicação de uma das atividades, denominada “medindo a altura de objetos pela sombra”, na qual foi utilizada uma maquete, representando a situação, verificando-se que uso de maquetes propiciou a compreensão dos enunciados e a resolução das questões apresentadas aos alunos.

    O estudo constante do quinto artigo teve como objetivo conhecer as concepções de estudantes do 6º ao 9º ano do ensino fundamental de Santa Maria-RS sobre a alimentação. Os resultados da pesquisa revelaram que os alunos possuem concepções prévias sobre alimentação, independente do ano, e a relacionam à sua saúde para evitar doenças. Conclui que o tema alimentação deveria ser mais discutido no ambiente escolar, além das aulas ministradas pelos professores.

    O sexto artigo trata sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação, realizada com 16 alunos de um Curso de Economia, como instrumentos no processo de ensino-aprendizagem. Os resultados apontaram que os alunos investigados não fazem uso de todas as TICs à sua disposição, sendo observadas algumas incoerências, como, por exemplo, grande parte considera fator significativo que os docentes mantenham blogs, com fins acadêmicos, mas alguns admitem que não leem os materiais postados pelos mestres. A pesquisa conclui que, para que todos os alunos utilizem definitivamente as ferramentas tecnológicas à sua disposição, é necessária a construção desta cultura, essencialmente por parte dos docentes.

    O estudo constante do sétimo artigo buscou conhecer como se desenvolve a educação permanente em saúde na prevenção das úlceras por pressão (UPP) para as pessoas em situação de hospitalização. A pesquisa foi realizada por meio de entrevistas semiestruturada com técnicos de enfermagem e enfermeiros que atuam nas unidades de internação clínica de um hospital de pequeno porte da cidade de Santa Maria-RS. Os resultados destacaram três categorias: educação permanente X atualização profissional; importância dos saberes específicos no tratamento e bem-estar do cliente com UPP; educação permanente na enfermagem, um dialogo de saberes para a prevenção da UPP.

    Completando a edição, o oitavo artigo apresenta uma síntese de uma dissertação de Mestrado Profissionalizante em Ensino de Matemática. A pesquisa teve como propósito investigar as contribuições da resolução de problemas com o uso do software Maple para aprendizagem significativa dos conceitos e propriedades da derivada e a Teoria Cognitiva de Ausubel como âncora para aprendizagem significativa dos novos conceitos. Foi possível constatar como estudantes processavam o seu conhecimento, dando, dessa forma, subsídios para o planejamento da prática pedagógica. Com a identificação das evidências de aprendizagem significativa, foi possível a compreensão de como os estudantes internalizaram os novos conhecimentos. A partir disso, foram planejadas as atividades didáticas para organização do ensino-aprendizagem significativa das diversas sessões.

    Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

    Editor

  • v. 30 n. 2 (2010)

    Editorial

    Neste número da revista Vidya, teve continuidade a implementação de algumas mudanças que se fazem necessárias, de forma a contemplar as exigências da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), para uma melhor qualificação do periódico.

    Dentro da proposta editorial deste periódico, que se volta para a divulgação de trabalhos ligados à Educação em suas múltiplas dimensões, encontram-se, mais uma vez, neste exemplar, relatos de pesquisas e de experiências de ensino e aprendizagem, em áreas diversas, apontando para a preocupação de profissionais engajados em esforços para melhorar a qualidade de vida e o conhecimento das comunidades com as quais trabalham.

    Neste número, Dirce Stein Backes, Martha Helena Teixeira de Souza, Mara Regina C. T. Marchiori, Adriana Dornelles Carpes, Aline G. Schirmer Pigatto, Amara L. H. Tavares Battistel e Hedioneia Maria F. Pivetta relatam uma pesquisa-ação, desenvolvida com o objetivo de compreender a percepção de docentes, discentes, profissionais e usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), em relação a ações educativas integradas, voltadas para a promoção do viver saudável, sob o olhar do empreendedorismo social.

    Carin Otília Kaefer, Elisete Soares Traesel e Carla Lizandra Ferreira narram as ações desenvolvidas em um projeto de extensão interdisciplinar, voltado à prevenção da violência contra a criança e o adolescente, desenvolvido junto à comunidade escolar.

    Rosângela Inês Matos Uhmann e Lenir Basso Zanon abordam uma experiência de Estágio em Docência no Ensino Superior, vivenciada no primeiro semestre de 2010 junto a uma turma do componente curricular “Bioquímica I”, de um curso de licenciatura em Química e Biologia, e consideram que as reflexões desencadeadas pela realização do estágio contribuíram para o processo de formação inicial e continuada dos envolvidos no trabalho.

    Ao investigar como homens e mulheres constroem conhecimentos matemáticos quando submetidos a situações de exclusão social, Valdir Pretto emprega métodos quantitativos e qualitativos para trabalhar com uma comunidade periférica do Sul do Brasil, abordando conceitos de etnomatemática, com apelo à sociologia, à educação e à psicologia do desenvolvimento de Vergnaud.

    Também, sobre etnomatemática – no caso, etnomodelagem – é a pesquisa relatada por Giseli Verginia Sonego e Eleni Bisognin, que analisaram a contribuição da Modelagem Matemática em sala de aula, na construção de conhecimentos de Geometria Espacial pelo aluno, sobre o tema “Plantação de Arroz”.

    Manoel dos Santos Costa e Norma Suely Gomes Allevato investigam a percepção de algumas professoras polivalentes participantes de um Grupo de Estudo a respeito dos conteúdos de Geometria apresentados em livros didáticos, por elas utilizados, quando do desenvolvimento de atividades com seus alunos.

    Finalmente, Emerson Rolkouski, Katia Gonçalves da Silva e Carlos Roberto Vianna relatam uma investigação que buscou compreender as concepções de Geometria de professores de um curso de Licenciatura em Matemática, tomando como fonte de dados as atas e gravações das reuniões do processo de reformulação curricular de um curso de Licenciatura em Matemática.

    Mais uma vez, fica aqui o agradecimento aos autores que contribuíram para o lançamento deste número da revista Vidya e aos pareceristas, sempre tão solícitos e responsáveis. A autores e avaliadores deve-se a qualidade da produção aqui apresentada.

    Profª. Dr. Helena Noronha Cury

    Editora

  • v. 30 n. 1 (2010)

    Editorial

    A revista Vidya sofreu modificações substanciais neste primeiro semestre de 2010. A Profª. Dr. Inara de Oliveira Rodrigues que esteve durante anos à frente da revista Vidya afastou-se dessa função, em razão de mudanças na sua trajetória profissional. Sua atuação conferiu a este periódico uma qualidade reconhecida pela academia, com aprimoramento do sistema de avaliação, atualização das edições e primorosa apresentação gráfica. Assim, queremos deixar registrado aqui um profundo agradecimento à profª. Inara pelo trabalho desenvolvido e pela sua extrema dedicação à revista Vidya.

    A adequação deste periódico aos critérios de qualificação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), já iniciada sob a gestão da profª. Inara, juntamente com as novas exigências de avaliação de artigos de uma multiplicidade de áreas ligadas à educação, exigiu novos avaliadores que, juntamente com professores que já emitiam pareceres para a revista, formam o novo Corpo Consultivo.

    Essas mudanças estão sendo implementadas neste número da Vidya, embora ainda timidamente, porém com a expectativa de que o público leitor venha, mais uma vez, encontrar neste periódico, relatos de pesquisas, de experiências de ensino e aprendizagem, bem como ensaios que contribuam para suas reflexões sobre aspectos teóricos da educação.

    Neste número, são abordadas preocupações com questões essenciais da educação, relacionadas ao ensino e à aprendizagem ou à formação do profissional. São olhares que se complementam e que mostram articulistas preocupados com a educação em uma sociedade pluralista e multifacetada. Arlei Peripolli, Silvio Carlos dos Santos e Soraia Napoleão Freitas trazem os resultados de uma investigação desenvolvida em um Centro de Atendimento Sócio Educativo, discutindo a criatividade de adolescentes em conflito com a lei. Lidia Kadlubitski e Sérgio Junqueira abordam a diversidade cultural presente na formação de pedagogos na cidade de Curitiba, por meio de dados obtidos em documentos oficiais e entrevistas junto aos cursos de Pedagogia.

    Cristiane Köhler Carpilovski e seus colegas investigam as respostas de professores sobre a abordagem da educação sexual em suas aulas. Ana Lúcia Abrahão, Mauro Leonardo S. C. dos Santos e Rodolpho Fernandes de Souza discutem a dissonância entre a formação do enfermeiro e sua prática, após terem entrevistado profissionais egressos de uma instituição de ensino superior.

    A seguir, são apresentados dois textos que trazem reflexões sobre Educação e Mídia: Marlon André da Silva e Paulo Evaldo Fensterseifer consideram os desafios impostos à escola pela mídia e Priscila Kalinke da Silva apresenta o novo campo de conhecimento conhecido como Educomunicação. Finalmente, Abel Garcia Lozano, Clicia Valladares P. Friedmann e Valessa L. L. de Sá Pinto trazem algumas reflexões sobre o ensino de métodos e conceitos matemáticos, apontando o caráter imediatista em que se encontra o ensino de Matemática e as possíveis consequências dessa situação na formação geral dos estudantes.

    Este número da revista Vidya encerra-se com uma resenha organizada pela professora Adriana C. M. Figuera, sobre o livro “Formação de Professores: compartilhando e reconstruindo conhecimentos”, de autoria da professora Doris Pires Vargas Bolzan.

    Mais uma vez a revista Vidya tentou focalizar múltiplos aspectos da educação. Fica aqui um agradecimento a todos que para isto contribuíram.

    Profª. Dr. Helena Noronha Cury

    Editora

  • v. 29 n. 2 (2009)

    Editorial

    Conforme conhecida afirmação de Paulo Freire, “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. Considerando-se o processo educativo, entendemos que esse é exatamente um dos fundamentais papéis do professor/educador: refletir, pela palavra e pela ação, de forma constante, sobre a construção do seu saber, no despertar e no desafio para o saber do outro.

    A necessária ação-reflexão da prática docente é uma das abordagens que, de diferentes modos, apresenta-se neste segundo número do v. 29 da Revista Vidya: no primeiro artigo, Iraní Rupolo aborda o quanto os valores franciscanos podem ser compreendidos como fundamentos do processo educacional; segue-se, com Denise Kriedte da Costa e Margarete Hülsendeger, uma análise sobre o trabalho do professor e os seus desafios atuais. Como terceiro enfoque, Cibele da Silva Lucion e Paulo Rômulo de O. Frota apresentam pesquisa realizada sobre as contribuições da Psicologia da Educação para a formação docente em Ciências Naturais, enquanto, em relação à formação dos professores de Matemática, Vera Clotilde Garcia aborda a necessidade do efetivo (re)conhecimento docente sobre o estudo das funções. Já como relato de experiência, Alberto Carlos de Souza, Túlio Alberto Martins de Figueiredo e Ângela Maria Adolfo Apini apresentam atividade desenvolvida com crianças do Ensino Fundamental, na qual  se problematiza a noção de representação cultural, que deve ser atentamente observada pelos professores em suas práticas docentes.

    Por vivermos em um momento de crise de paradigma, outro aspecto relevante a ser considerado pelos professores em seu processo de formação continuada, especificamente no caso de professores de Ciências do Ensino Básico, é o próprio conceito de Ciência, de acordo com Jaqueline Ritter Pereira e Maria Cristina Pansera de Araújo. Também afirmando uma necessária revisão conceitual na prática escolar, Patrícia Regina Correa Dias enfatiza a relevância do estudo dos ritos e rituais em sala de aula, demonstrando a sua potencialidade reflexiva sobre os papéis e representações sociais. No campo dessas representações, para Aline Cardoso Siqueira, a escola deveria assumir uma atuação mais direta e efetiva na vida social, como no caso da reinserção familiar de adolescentes. Para tanto, a autora, entre outros aspectos, apresenta estratégias de ação aos professores para que se tornem agentes de apoio nas situações em que seus alunos vivenciam vulnerabilidade social.

    Por fim, mas não menos importante, são abordados “os níveis de significação de conceitos e conteúdos químicos no Ensino Médio”, por Laís Basso Costa-Beber e Otavio Aloisio Maldaner, que analisam materiais didáticos e, assim, apresentam efetiva contribuição à prática docente.

    Ao reunirmos esses vários e diferenciados olhares sobre a ação educativa, o sentimento que nos move é o de grande satisfação por podermos propiciar renovados debates e perspectivas para o objetivo comum de qualificar o ensino e a educação em nosso País: é o que sinceramente esperamos. Assim como é sincero o nosso profundo agradecimento pela participação de todos e todas neste número.

    Profª. Dr. Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 29 n. 1 (2009)

    Editorial

    Compreender a época em que vivemos, a par de suas variadas nomeações e respectivas implicações políticas, como fragmentada, marcada por incertezas e troca de valores não deve nos levar a concepções pessimistas ou otimistas tout court. O que se impõe, acreditamos, é a necessidade de pensarmos e agirmos para além do reconhecimento das mazelas que nos atingem em termos e tempos globais.

    Enquanto educadores, precisamos encarar os desafios que se apresentam, reafirmando o papel da educação para que se efetivem mudanças positivas, considerando a dimensão formal do conhecimento e a dimensão necessariamente subjetiva de todo saber científico.

    De diferentes formas, os textos aqui reunidos contemplam essa perspectiva: a necessidade de questionarmos, a partir do acompanhamento das diferentes trajetórias de docentes da universidade pública e privada, o processo de formação dos professores do ensino superior, como apontam Silvia Maria de Aguiar Isaia e Andréia de Mello Buss de Castro; a relevância do modelo construtivista para as pesquisas na área de Ciências Sociais e, especialmente, no campo da educação, conforme abordagem de João Manoel Roratto; a discussão sobre estudos em educação matemática baseados na História Cultural, de acordo com Antonio Vicente Marafioti Garnica; a importância das concepções de ciência na licenciatura, na perspectiva de Lenir Basso Zanon, Clarinês Hames, Tânia Regina Tiecher e Aniara Ribeiro Machado; a apresentação de critérios para a seleção de livros didáticos, por Nilton Nogueira Wille, Priscila da Rosa Braga e José Vicente Lima Robaina; o papel do professor enquanto sujeito atuante e crítico em uma aproximação interessante com o papel do escritor na sociedade, como na trajetória literária de Mario Benedetti, na perspectiva de Mariana Ferreira González; a importância da mídia nas práticas formativas, exemplificada pela análise de crônicas que questionam a representação feminina, conforme pesquisa de Sibila Rocha, Silvia Niederauer e Vera Elizabeth Prola Farias.

    Compõe, ainda, este volume, uma resenha crítica sobre o livro Imagens de professores organizado pela professora Valeska Fortes de Oliveira, que se dirige, segundo os autores, a todos os que acreditam no potencial da escola e do professor e que “buscam contribuir na construção de repertórios de saberes necessários ao profissional da educação”.

    Temos, assim, a grata satisfação de dividir, com nossos leitores, esta dimensão desafiadora do pensar e do fazer em educação, escapando-se do pessimismo ou otimismo simplista, seguindo-se nossa reflexão inicial. E, sobretudo, agradecemos a todos e a todas que permitiram a realização de mais este significativo número da Revista Vidya.

    Profª. Dr. Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 28 n. 2 (2008)

    Editorial

    Ao publicarmos este número da Revista Vidya, que coincide com o encerramento do ano letivo de 2009, temos a satisfação de, ao fazermos um balanço desse período anual, reconhecermos os importantes passos que foram dados em direção à meta, sempre presente, de garantirmos a crescente qualidade deste periódico institucional. Devemos referir, dentre os principais, o lançamento da versão digital da revista, que permite o acesso a resumos e textos completos publicados desde 2005, bem como um primeiro registro de indexação, em Sumários.org. Além disso, houve ampliação do quadro de pareceristas (referees ad hoc) e a esses fundamentais colaboradores externamos o nosso agradecimento. Também merece destaque o fato de, cada vez mais, contarmos com artigos de pesquisadores/professores de todo o Brasil, o que muito nos honra e enriquece o diálogo proposto pelo perfil editorial desta publicação.

    Na presente edição, esse diálogo se confirma na reunião de textos que versam sobre a importância da perspectiva multicultural na formação continuada de professores, com um estudo de caso desenvolvido no Estado do Rio de Janeiro; a situação dos professores universitários substitutos, a partir de uma investigação realizada em seis instituições públicas da região sul do país; e as estratégias didáticas necessárias à dinamização e/ou aprofundamento do conhecimento, quer sejam no campo da Matemática, quer sejam no âmbito da Pedagogia. No primeiro caso, essas estratégias são pensadas tanto em relação à resolução de um problema, sendo propostas soluções alternativas e variações na sua formulação, quanto à necessária articulação espaço/forma, no que concerne à aprendizagem geométrica, destacando-se a importância das invariantes topológicas para esse aprendizado.  No segundo, a partir da perspectiva complexa e ecossistêmica de pesquisa realizada junto a acadêmicos do Distrito Federal, são analisados os acertos e as contradições das práticas docentes em um curso de Pedagogia.

    Além dessas abordagens, são igualmente relevantes as reflexões sobre a situação dos cursos de Direito no Brasil, problematizando-se as questões relacionadas à massificação e ao acesso a essa formação acadêmica; e a importância de se questionar o termo equilíbrio, atualizando sua compreensão no âmbito das teorias e técnicas na área de Fisioterapia.

    Com a certeza de que essas perspectivas críticas e inovadoras contribuirão para nosso pensar e agir enquanto profissionais da grande área da Educação, agradecemos a todos que fizeram e fazem parte dessa caminhada, aguardando sugestões e críticas para seguirmos nesse percurso necessariamente inacabado.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 28 n. 1 (2008)

    Editorial

    Ao considerar o que chama de paradigma emergente da ciência pós-moderna, Boaventura Souza Santos aponta para a necessária superação da dicotomia entre ciências naturais e ciências sociais que situa a pessoa, enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento, mas, “ao contrário das humanidades tradicionais, coloca o que hoje designamos por natureza no centro da pessoa. Não há natureza humana porque toda a natureza é humana”*. Desse modo, as diferentes perspectivas da educação devem considerar esse aspecto que atravessa e é atravessado pelo conhecimento, em suas variadas expressões, o que garantiria a necessária compreensão e prática transdisciplinar em sua formulação mais abrangente.

    Esse entendimento, acreditamos, encontra-se no cerne da proposta editorial da revista Vidya que, nesta edição, reúne artigos sobre as dimensões da profissão docente, as interfaces entre a Psicologia e a Biologia, as representações sociais sobre a área de Letras, questões relativas à metaconsciência de professores de inglês sobre teorias de aprendizagem e também aspectos relacionados ao ensino da leitura nas aulas de língua estrangeira. Além disso, apresenta uma síntese sobre as dissertações voltadas ao ensino de matemática, bem como experiências a respeito da pertinência do trabalho com jogos e recursos virtuais, no âmbito do ensino de conteúdos matemáticos.

    Nesse mosaico dialógico, encontra-se o convite para o aprofundamento de reflexões teóricas e o repensar de práticas docentes. Por esse convite, o nosso agradecimento aos autores e às autoras, com o desejo de ótima leitura a todos e a todas que compartilham a alegria do encontro nestas páginas.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 27 n. 2 (2007)

    Editorial

    Diversidade e multiplicidade são, entre outros, termos fundamentais para pensarmos a realidade sociocultural contemporânea. Trata-se, por um lado, dos avanços crítico-teóricos que apontam para a necessidade do respeito à alteridade. Por outro, entretanto, implica efetivo convívio com as diferenças, o que se constitui em desafio à construção da vida social, baseada na solidariedade.

    Ao considerarmos essa última afirmação, não podemos esquecer uma conhecida máxima de Paulo Freire: “Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.” Desse modo, para refletirmos, hoje, sobre as questões educacionais, devemos igualmente considerá-las no âmbito dos diversos e múltiplos contextos em que se inserem, os quais, em câmbio constante, mantêm atual a compreensão das principais metas da educação, de acordo com Piaget: a primeira “é criar homens capazes de fazer coisas novas, não simplesmente repetir o que outras gerações já fizeram. Homens que sejam criadores, inventores, descobridores”. A ela segue-se, não com menor importância, a necessidade de “formar mentes que estejam em condições de criticar, verificar e não aceitar tudo que a elas se propõe.”

    Essas metas estão contempladas neste segundo número do volume 27 da Revista Vidya, no qual encontramos, de diversas e múltiplas formas, a preocupação com um ensino voltado à formação de sujeitos críticos, capazes de estabelecerem o devido distanciamento em relação aos atraentes (e, muitas vezes, alienantes) programas de televisão, como demonstra o artigo de Camurra e Teruya; que reconheçam os valores de justiça e autonomia, conforme apresentado por Gomes e Chakur; que sejam atendidos pelas políticas públicas, considerando-se especialmente o setor agrário, na perspectiva de Daltro; e sejam avaliados de tal modo que os erros signifiquem crescimento no processo ensino-aprendizagem, especialmente em relação aos conhecimentos matemáticos, conforme Lima e Burisasco.

    Além disso, constituem-se em importantes perspectivas críticas as pesquisas sobre conteúdos da Psicologia aplicados aos cursos de Magistério, de Gugik; a apropriação de conceitos de Enfermagem pelos estudantes da graduação, desenvolvida por Schwalm, Frota e Ceretta; as implicações do processo de escolarização de crianças com graves transtornos no desenvolvimento, realizada por Garcia Júnior; e a relevância de atividades com a interpretação de notícias de popularização da ciência, para que os alunos socializem suas próprias pesquisas, de acordo com Santos.

    Aos que colaboraram diretamente na publicação deste número o nosso profundo agradecimento, estendido à comunidade acadêmica que vem acolhendo a Revista Vidya como importante espaço de reflexão e de troca de ideias neste amplo e desafiador universo que é a educação.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 27 n. 1 (2007)

    Editorial

    Pensar o presente sem desconsiderar a história e as possibilidades de construção coletiva do futuro. Em tempos de crise paradigmática, essa afirmação é muito desafiadora, pois desconsidera tanto os relativismos fáceis quanto o individualismo como agência, que tornam o hoje um tempo ad eternum. Nessa reflexão, colocam-se, de forma preocupante, os rumos da educação brasileira.

    Ao apresentarmos esta edição da revista Vidya, temos a satisfação de, mais uma vez, compartilharmos olhares e saberes que oportunizam novos diálogos sobre os caminhos educacionais em nosso país. Aqui, há artigos que realizam o resgate histórico de conceitos e práticas educacionais, em âmbito local e nacional, bem como abordam questões e propostas relativas ao processo de ensino-aprendizagem que, atuais, consideram os avanços científicos e tecnológicos, sem descuidar do horizonte crítico e reflexivo do papel dos educadores nesse contexto.

    Por certo, no conjunto dessas perspectivas diferenciadas, encontra-se um espaço de debate, de pluralismo crítico, de abertura potencialmente criadora a novas/outras propostas no campo da educação. Um campo vasto, no qual nos colocamos com responsabilidade e ética, mas, sobretudo, com sonhos sempre renovados.

    Os nossos agradecimentos a todos os participantes deste número e o convite à proveitosa reflexão a todos os leitores.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 26 n. 2 (2006)

    Editorial

    Abre-se a presente edição da revista Vidya com  uma questão lançada por Délcia Enricone: “Quando a educação poderá ser a realização da esperança no futuro?”. A resposta, que não permite uma perspectiva fechada, mas, ao contrário, aponta para a abertura de implicações complexas e variadas sobre o processo educacional, de certo modo emoldura os demais artigos que ora se apresentam.

    Com Maria da Glória Bordini, somos

    instigados a refletir sobre o papel da universidade na promoção da leitura, considerando-se que o acesso à cultura letrada é condição fundamental para o exercício da cidadania.

    Já os processos de formação e autoformação docente é o tema do artigo de Andrisa     Kemel Zanella, Neoclesia Chenet Ghisson, Silvania Regina Pellenz Irgang e Valeska Fortes de Oliveira, afirmando a importância de se ressignificar tais processos a partir das representações que esses profissionais fazem de seu papel como educadores.

    Por sua vez, a preocupação com a formação dos alunos constitui-se na abordagem realizada por Ana Rosa Zurlo Dellazzana, Rosemar de Fátima Vestena, Mariglei Severo Maraschin e Silviani Monteiro Sathres, a partir da análise de questões metodológicas relacionadas à Educação de Jovens e Adultos.

    Igualmente voltado a questões de ordem metodológica, o texto de Michèlle Domit Gugik investiga as técnicas de entrevista realizadas por docentes e estudantes do curso de Psicologia, afirmando a importância dessa prática para o processo de ensino-aprendizagem.

    A relevância da educação ambiental, outro tema de destaque no cenário dos embates contemporâneos sobre as possibilidades de uma vida planetária de qualidade no presente e no futuro, é tratado por Ail Conceição Meireles Ortiz. Ao mapear atividades e discussões relativas a essa temática, vivenciadas nas escolas estaduais de Boca do Monte, a autora aponta a necessidade de uma atuação mais consciente dos atores sociais na práxis ambiental.

    Como resultado de um projeto extensionista dirigido à formação continuada dos professores, Janilse Fernandes Nunes Vasconcelos, Marilene Gabriel Dalla Corte, Neridiana Fábia Stivanin e Maribel Susana Kipper apresentam um artigo em que é reafirmada a importância da promoção contínua de espaços para a reflexão e o desenvolvimento da criticidade de professores formadores e de futuros professores em relação aos seus saberes e fazeres pedagógicos.

    Perspectivas não só metodológicas como também de cunho teórico relacionadas ao ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa para estrangeiros são apresentadas no artigo de Célia Helena de Pelegrini Della Méa e Nilsa Teresinha Reichert Barin. As autoras apontam as possibilidades de qualificar, de modo contínuo, a comunicação interpessoal e a troca de experiências interculturais realizadas com alunos oriundos de diferentes continentes.

    No fechamento deste número, encontra-se o artigo de Darlene Scholze, Vantoir Roberto Brancher e Cláudia Terra do Nascimento que apresenta os resultados da pesquisa sobre a importância do lúdico como aspecto a ser considerado no processo de ensino-aprendizagem.

    Com tal diversidade de perspectivias, estima-se contribuir para que a pergunta de abertura desta edição da Revista Vidya seja mesmo uma afirmação do futuro no presente – aqui e agora, a educação se pensa, se faz e se lança, esperançosamente, para (re)criar a vida.

    Inara de Oliveira Rodrigeus

    Editora

  • v. 26 n. 1 (2006)

    Editorial

    A qualificação da formação docente constitui-se em tema de freqüentes debates no campo da educação, dos quais emergem propostas que se transformam, muitas vezes, em programas oficiais de maior ou menor alcance efetivo. Trata-se de uma temática que possui variadas perspectivas e diferentes implicações, como as abordadas nos dois primeiros artigos desta edição, de autoria de Maria Arleth Pereira e Débora Ortiz de Leão, respectivamente, e na análise documental empreendida por Silvia Maria de Aguiar Isaia, Eleni Bisognin, Vanilde Bisognin, com a colaboração da bolsista Andréia de Mello Buss.

    Outro assunto candente nos dias atuais, a preservação ambiental, é aqui contemplado na pesquisa realizada por Luciane Carvalho Oleques e Noemi Boer, voltada à importância de caminhadas perceptivas para o desenvolvimento da sensibilidade dos educandos em relação ao meio ambiente.

    Desse espaço aberto, parte-se para o relato de experiência sobre a relevância das ludotecas, apresentado por Gilse Antoninha Morgental Falkembach, Janice Vidal Bertoldo, Janilse F. Nunes Vasconcelos, Maria Joanete Martins da Silveira, Patrícia do Amaral Comarú: a princípio um ambiente fechado, revela-se como potencialmente libertador por sua dimensão criativa e emancipatória da educação.

    Ao falar-se em tais potencialidades do processo educacional, o que se coloca como fundamental, de acordo com o artigo de Neuro José Zambam, é o reconhecimento da condição de agentes de todos os que estão envolvidos nesse processo. Ao se promover essa condição, garante-se, de forma conseqüente, a ação pedagógica voltada ao desenvolvimento e afirmação da cidadania.

    O texto de Michèlle Domit Gugick sobre as representações da violência na escola estabelecem um diálogo muito direto com os demais artigos, desse modo constituindo-se como abertura a novas e prementes reflexões sobre o repertório de habilidades sociais dos educadores.

    Por fim, a utilização de novos suportes, nos processos de ensino-aprendizagem, como os meios eletrônicos, igualmente converte-se, hoje, em uma realidade que demanda contínuas reflexões. No artigo de Fabiana Diniz Kurtz, encontra-se, justamente, uma abordagem voltada aos tópicos e procedimentos de pesquisa relacionados à aprendizagem de línguas divulgadas em periódicos virtuais.

    Evidencia-se, assim, a importante contribuição dos autores desta edição da Revista Vidya, aos quais externamos o nosso agradecimento mais sincero, do mesmo modo que desejamos aos leitores um feliz encontro de idéias e ideais.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 25 n. 2 (2005)

    Editorial

    Vivemos, há algumas décadas, em um paradoxal contexto em que a busca de certezas convive com a instabilidade de uma realidade cada vez mais dinâmica e multifacetada. Reconhecer esse processo implica demarcar o caráter histórico-cultural da própria construção do conhecimento. Nesse sentido, no campo propriamente da educação, e em sua dimensão mais ampla, significa, entre outros aspectos, uma constante “re-visão” sobre concepções teórico-metodológicas, que podemos traduzir como o enfrentamento inadiável de novos paradigmas.

    Aos educadores e pesquisadores, diante desse quadro contextual, cabe um papel relevante como agentes responsáveis pelo questionamento sistemático da realidade e pela formulação de alternativas de alcance coletivo e comunitário. Pautam-se, assim, variados desafios relacionados à complexidade dos problemas a serem atualmente enfrentados.

    Tal variedade de perspectivas encontra-se nesta edição da revista Vidya, na qual são apresentados desde afinados diagnósticos até proposições e encaminhamentos de respostas para prementes questões de nossa contemporaneidade, como a utilização do computador, tanto considerando-se as prerrogativas da Educação à Distância quanto as possibilidades de inclusão de alunos(as) portadores(as) de necessidades especiais; como os resultados de pesquisas relacionadas a objetos matemáticos de aprendizagem; propostas para o ensino de análise de erros e proporcionalidade em disciplinas de graduação; bem como questionamentos relacionados à arte-educação, à metodologia no ensino de Geografia, ao uso de novas fontes e linguagens no ensino de História e aos aspectos socioculturais que perpassam o desafiador tema do fracasso escolar.

    A pluralidade dessas abordagens é um indicativo, por certo, da relevante produção acadêmica que, com grande satisfação, apresentamos. Nesse enriquecedor mosaico teórico-crítico, percebe-se uma unidade de propósitos direcionados ao enfrentamento do presente para que possamos vislumbrar positivamente o futuro. Cabe aqui lembrar as palavras do sertanejo Riobaldo, de Guimarães Rosa: “o real não está na saída nem na chegada: ele se dispõe para a gente é no meio da travessia”.

    A todos que colaboraram neste percurso, o nosso agradecimento – a todos que compartilharem desta caminhada, o nosso desejo de uma ótima leitura.

     

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 25 n. 1 (2005)

    Editorial

    Com grande satisfação, apresentamos o segundo número da Revista Vidya, que reúne variadas abordagens de professores/pesquisadores tanto do Centro Universitário Franciscano quanto de outras renomadas Instituições de Ensino Superior. Tal contribuição, entendemos, torna-se fundamental por propiciar a abertura de perspectivas teórico-críticas na área da educação, para a qual está voltado o novo perfil editorial desta publicação acadêmica, adotado desde 2007.

    Como principais temas que perpassam a maior parte dos artigos deste número, temos a formação de professores e a educação continuada. Trata-se de abordagens que, além de suas incontornáveis inter-relações, estabelecem um diálogo de enriquecedora complementaridade. Assim, a partir do reconhecimento de que a prática e a teoria são indissociáveis, no primeiro texto, “Relação entre teoria/prática como elemento reflexivo da formação docente”, Guacira de Azambuja e Margarete Terezinha Sirena problematizam os caminhos para uma formação docente comprometida com a humanização. Essa humanização pode ser entendida, por sua vez, como o vértice central no qual se sustenta a noção de que os professores são sujeitos incompletos, em constante formação, de acordo com as proposições encontradas no segundo artigo, “Formação do professor: um processo inacabado”, de Vantoir Roberto Brancher, Elza Hirata Baptista, Mariglei Severo Maraschin e Victor Julierme Santos da Conceição. Após os conseqüentes questionamentos realizados, chegamos ao artigo de Délcia Enricone, “Formação de professores e contemporaneidade”, no qual se afirmam o conhecimento e a liberdade como fundamentos de uma prática educativa de excelência. Para tanto, a autora estabelece relações entre três clássicos da literatura mundial e o papel da utopia e da esperança para a atuação docente como fundamentos para os desafios da contemporaneidade. Dentre tais desafios, encontra-se, no artigo de Hedioneia Maria Foletto Pivetta e Silvia Maria de Aguiar Isaia, “A formação continuada e o significado de ser professor da educação superior: um diálogo intersubjetivo”, a necessidade de que os professores da educação superior se reconheçam em sua subjetividade e constituição grupal, direcionados no re-conhecimento da identidade de seus saberes. Das implicações e aprofundamentos que tal direcionamento proporciona, de acordo com a abordagem desenvolvida no referido texto, partimos para um relato de caso em que são avaliadas as propostas e os resultados de um programa de educação continuada em instituição privada de ensino superior: nessa avaliação, encontra-se o cerne do artigo “O diálogo entre diferentes saberes num programa de educação continuada”, de Neusa Maria John Scheid e de Cledes Antonio Casagrande. Com aproximado intento inicial, Janilse Fernandes Nunes Vasconcelos, Maria Antonia Ramos Azevedo, Marilene Gabriel Dalla Corte, Patrícia do Amaral Comaru e Rosemar de Fátima Vestena apresentam, em “Estratégias formativas em diferentes espaços e contextos: redimensionando o papel da prática de ensino e do Estágio Curricular Supervisionado”,  questionamentos sobre práticas nacionais e internacionais relacionadas à formação de professores, que envolvem estágios curriculares supervionados, articuladas como estratégias relevantes por propiciarem fundamentais parcerias entre universidade/escola. A importância dessa parceria também se faz presente no artigo “Representação social e educação especial: apontamentos a respeito da formação e prática docente”, de Carmem Rosane Segatto e Souza e Maria Inês Naujorks, em que são aprofundadas questões concernentes a representações sociais de professores e gestores em educação especial.

    Por certo, esse estabelecimento de sentidos é apenas uma das muitas possibilidades de interação dialógica que os artigos proporcionam. Do mesmo modo, entendemos que os dois últimos artigos, “Grupos Focais virtuais em avaliação docente: proposta de ferramenta bate-papo”, de Benedito Jesus Ferreira e Luiz Dourado Dias Júnior, e “Parâmetros Curriculares Nacionais e Plano Nacional de Educação: quando a ordem dos fatores altera o resultado”, de Eliane Mimesse, articulam-se com os demais ao propiciarem o encaminhamento de problematizações sobre o saber-fazer docente - da atual contribuição dos recursos de informática na educação à compreensão do histórico e das limitações da legislação educacional.

    Finalmente, a resenha apresentada neste número, desenvolvida por Vantoir Roberto Brancer, Cláudia Terra do Nascimento e Valeska Fortes de Oliveira, aponta para a importância do constante aprofundamento sobre a obra de Vigotsky, como propõe Teresa Cristina Rego, ao efetivar o resgate histórico-crítico de alguns dos principais fundamentos das proposições do pensador russo.

    Aos autores e demais profissionais que contribuíram para a publicação de mais este significativo número da Revista Vidya, o nosso sincero agradecimento. A todos os leitores, o nosso desejo de que estes artigos se traduzam em renovadas reflexões e renovados saberes e fazeres de nossas práticas educativas.

     

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 24 n. 42 (2004)

    Editorial

    Em 2007, a Revista Vidya comemora seu trigésimo primeiro ano de existência. Lançada em novembro de 1976, por iniciativa da Direção e dos professores da então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras (FIC), esta publicação institucional do Centro Universitário Franciscano vem atestando sua crescente qualificação e aprimoramento.

    Inicialmente voltado à divulgação da produção docente das diferentes áreas do conhecimento da Instituição, o periódico, a partir de 1994, passou a ser organizado por temáticas definidas a cada edição, abertas à participação de professores de outras instituições de ensino superior e de pesquisa.

    Com o presente número, a Revista Vidya volta-se especificamente à área da educação, em suas múltiplas dimensões. Esse critério levou em conta o histórico do periódico, considerando-se que as abordagens relativas a questões educacionais sempre estiveram presentes, de variados modos, em praticamente todas as edições. Além disso, a definição de um perfil editorial mais específico, ainda que abrangente aos vários campos do conhecimento, é fator relevante para o aprimoramento da publicação.

    Nesse sentido, novo Conselho e Comissão Editorial foram constituídos, bem como  organizado  um banco de avaliadores externos. Deve ser ressaltado, ainda, que estão em andamento estudos para a informatização do sistema operacional de recebimento dos textos, de controle e divulgação do processo de edição.

    Essas reformulações têm por objetivo tornar a Vidya uma publicação de referência nacional na sua área de abordagem, que se coaduna muito diretamente com os significados do título da revista: inspirado no sânscrito, língua essencialmente escrita, vidya corresponde a conhecimento, sabedoria, educação, refletindo a orientação humanística da Instituição a que está vinculada.

    Nosso desejo, a partir de agora, é que envidemos esforços para garantir a periodicidade da revista, com a participação dos docentes e pesquisadores do Centro Universitário Franciscano e de outras instituições nacionais e internacionais, aos quais, desde já e com grande satisfação,  estendemos o convite.

    A todos que colaboraram neste número, o nosso sincero agradecimento.

     

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 24 n. 41 (2004)

    Editorial

    No ano de 2004, a Campanha da Fraternidade elegeu como tema "Água, Fonte de Vida" . O Centro Universitário Franciscano, como Instituição de geração e transmissão de conhecimentos, e que tem como seu padroeiro São Francisco de Assis, um apóstolo da conservação da natureza, não poderia deixar de se engajar nessa campanha.

    Dessa forma, foi organizada uma programação institucional, denominada Programa das Águas, contemplando uma série de atividades sobre o tema, envolvendo a comunidade universitária e do município de Santa Maria, a fim de sensibilizar sobre a conservação e o uso adequado da água.

    Na programação, foram envolvidos os profissionais das diferentes áreas do conhecimento do Centro Universitário Franciscano e também convidados especialistas de outras instituições, abordando a temática nos aspectos técnico-científico, social, econômico, cultural, artístico e religioso.

    Foram realizadas palestras, simpósios, exposições de trabalhos científicos, maquetes arquitetônicas, cartográficas, gravuras, pinturas e fotos, oficinas pedagógicas, saraus poéticos, apresentações artísticas de grupos de dança e corais, celebrações religiosas e, ainda, uma feira específica sobre o tema em foco.

    Os eventos foram realizados ao longo de todo o ano, o que possibilitou, assim, aos docentes, funcionários e discentes do Centro Universitário Franciscano e à comunidade em geral uma reflexão continuada para a sensibilização sobre o assunto.

    No presente número da Revista Vidya, publica-se uma coletânea de artigos selecionados daqueles apresentados nos diferentes eventos ocorridos ao longo do Programa das Águas, contemplando diferentes áreas do conhecimento. Tal diversidade de perspectivas sobre o tema reafirma o quanto a água se constitui em elemento vital nas múltiplas atividades humanas.

    Deve-se reconhecer, entretanto, a importância da efetiva conscientização sobre a situação crítica de sua escassez, o que se vislumbra em um futuro próximo. Espera-se, assim, que os artigos aqui reunidos possam contribuir nesse processo.

    Galileo Adeli Buriol

     

  • v. 23 n. 40 (2003)

    Editorial

    Pluralidade e interdisciplinaridade como o entrecruzamento dialógico do conhecimento: essa concepção pode ser entendida como a salutar tendência que perpassa todas as áreas do saber humano na contemporaneidade. Trata-se do reconhecimento de que o homem constitui-se como sujeito que sofre e reage às contingências do mundo de forma integral e, por isso, as diferentes e necessárias especialidades da ciência não devem se manter como olhares isolados quando se tem por meta a desejada qualidade de vida: a possibilidade de satisfação das necessidades biológicas e psíquicas dos indivíduos, a partir de um ambiente que lhes garanta segurança pessoal e o desenvolvimento das suas potencialidades culturais e criativas.

    Ao se reunirem estes artigos que compõem o quadragésimo número da Revista Vidya, destaca-se, justamente, a relevante pluralidade dos saberes na área da Saúde. As perspectivas e propostas dos profissionais, docentes e pesquisadores, do Centro Universitário Franciscano e de outras Instituições de Ensino Superior que se fazem aqui presentes, resultam em uma significativa contribuição às atuais e prementes reflexões sobre os desafiadores problemas que se interpõem à concretização de uma vida mais saudável, fundamento para que seja alcançada a felicidade individual e coletiva.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 23 n. 39 (2003)

    Editorial

    O mundo atual desafia todos os campos do saber científico a efetivarem uma profunda reflexão epistemológica diante da crise paradigmática que se apresenta. Conceitos que se fundaram como tradição passam a ser revistos, a busca de certezas convive com a instabilidade de uma realidade cada vez mais dinâmica, ao mesmo tempo que se tornam mais complexos os problemas sociais, reconhecendo-se, nesse último sentido, que só existe uma natureza, a humana e, portanto, social, seguindo-se o pensamento de Boaventura de Souza Santos. Diante desse contexto, o embate entre as forças de regulação e de emancipação dos indivíduos em sociedade apresenta-se como um questionamento premente, constituindo-se a esfera jurídica em um espaço fundamental no processo de formulação de novas proposições teórico-críticas.

    Nesse sentido, os textos aqui reunidos sob a temática geral "Teoria Jurídica, Cidadania e Globalização" procuram, justamente, contribuir com tais problematizações. As análises que seguem foram desenvolvidas por professores do curso de Direito do Centro Universitário Franciscano, abordando diferentes ângulos relativos à respectiva área de atuação, como as novas concepções sobre o direito contratual sob o paradigma da socialidade, a investigação sobre a interpretação de normas jurídicas na matriz fenomenológica, bem como questões relativas ao processo administrativo, ao direito fundamental a um meio ambiente sadio e aos direitos das mulheres. Há também reflexões sobre a reconstrução da ética por meio da Constituição, a questão dos direitos previdenciários, os direitos fundamentais e os princípios tributários, as relações entre desenvolvimento, globalização e nova economia e, por fim, o desafio interdisciplinar que representa a aplicação e o cumprimento da pena alternativa de prestação de serviço à comunidade.

    Assim, o presente número da revista Vidya reveste-se de grande significado ao contemplar importantes aspectos dos ordenamentos jurídicos contemporâneos, os quais têm por alicerce o valor fundamental da dignidade do ser humano.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 21 n. 38 (2002)

    Editorial

    De acordo com dados recentes do INEP, na rede pública, 47% dos alunos do Ensino Fundamental estudam em escolas sem biblioteca; cerca de 1 milhão de estudantes abandonam o Ensino Médio, número que chega a 2,9 milhões nas séries iniciais e, se na rede privada os dados são menos alarmantes, igualmente apontam para sérios problemas. As universidades também enfrentam carências estruturais e deparam-se com muitos desafios para uma efetiva democratização do saber. Trata-se, portanto, de uma realidade que, para ser transformada, exige decisões governamentais firmes, mas que não será superada sem o envolvimento de toda sociedade brasileira, isto é, cada um de nós, enquanto cidadãos conscientes de nossas escolhas políticas e possibilidades efetivas de intervenção a partir de nossos diferentes campos de atuação, precisa assumir responsabilidades na construção efetiva dessa mudança.

    Para os professores e professoras, de todos os níveis de ensino, tal intervenção define se como fundamento mesmo de seu trabalho docente e, para isso, não se deve perder de vista que educação, seguindo-se as colocações de Marilena Chauí, "significa  um movimento de transformação interna daquele que passa de um suposto saber (ou da ignorância) ao saber propriamente dito (ou à compreensão de si, dos outros, da realidade, da cultura acumulada e da cultura no presente ou se fazendo)". Desse modo, a educação é inseparável da formação de todo indivíduo e, por isso, é sempre um processo permanente.

    No atual mundo globalizado, essa noção de educação permanente, tendo em vista as exigências do mercado capitalista, muitas vezes se traduz, equivocadamente, como a capacidade de estarmos sempre sintonizados com as novidades que se apresentam em cada campo do saber, com as mais recentes descobertas tecnológicas e cientificas, a partir de informações que nos chegam por diferentes e cada vez mais sofisticados e velozes meios de comunicação. No entanto, o conhecimento é obtido por um percurso fundamentalmente reflexivo e a reflexão é um processo crítico e criativo que nos permite avançar para o novo a partir de nosso diálogo com o passado e com o presente.

    Os artigos aqui reunidos representam a preocupação de educadores em apontar novas perspectivas sobre o processo educacional, cientes de que pensar certo, como disse Paulo Freire, "é não estarmos demasiadamente certos de nossas certezas", o que implica a clareza de que toda prática docente é um incessante questionamento, busca e pesquisa de caráter dialógico e histórico.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

  • v. 21 n. 37 (2002)

    Editorial

    As questões concernentes à qualificação do ensino de Língua Portuguesa e Literatura são matéria de frequentes debates, aos quais, muitas vezes, seguem propostas transformadas em programas oficiais de maior ou menor alcance efetivo. Pautadas pela dinâmica histórica e cultural, as mudanças de paradigmas incitam a sempre novos posicionamentos críticos, ainda que, muitas vezes, direcionados a problemas que desafiam o próprio processo de transformação social.

    Nesse sentido, permanecem conflitantes os esforços dos professores tanto em garantir o interesse dos alunos pela leitura, quanto em buscar estratégias para as dificuldades que se apresentam nos trabalhos de produção e análise de textos. Continua, igualmente, cobrando atenção o bifrontismo da arte literária concebida enquanto patrimônio cultural humano e como expressão viva do diálogo que estabelece com a contemporaneidade.

    Recentes tecnologias, no entanto, impõem perspectivas de abordagem sem precedentes, abrindo o campo das indagações sobre o presente e o futuro da atuação dos professores de Língua e Literatura. Os recursos dos meios eletrônicos potencializam a necessidade de reorientação da atividade docente, do mesmo modo que a falta deles põe a descoberto carências que vão muito além de sua efetiva utilização.

    Diante de tais reflexões, as variadas abordagens aqui reunidas ganham unidade na interação dos objetivos de aprofundar, atualizar e socializar o conhecimento no campo dos estudos literários e linguísticos. Confirmam, sobretudo, o papel do profissional de Letras como agente imprescindível na construção de alternativas e propostas críticas em face das contínuas e complexas mudanças do mundo contemporâneo.

    Inara de Oliveira Rodrigues

    Editora

     

  • v. 19 n. 36 (2001)

    Editorial

    Toda sociedade pressupõe, para a sua constituição e o seu funcionamento, bem como para a regulamentação das relações entre seus membros, a existência de um certo número de regras que, em seu conjunto, constituem o direito dessa sociedade.

    Ubi societas, ubi jus (onde existe uma sociedade, existe um direito que a rege), diz sabiamente um ditado latino. Assim entendido, o direito é tão antigo quanto o próprio fenômeno da sociedade. E suas origens, tanto quanto as origens da sociedade, perdem-se na noite dos tempos.

    Em sua essência, as normas do direito fundam-se nos costumes. Também os preceitos religiosos encontram-se nas bases das leis: os primeiros livros de direito são livros sagrados, compreendendo questões de ritos e liturgia; a própria linguagem jurídica ainda se apresenta como um código esotérico desconhecido para os não iniciados. Porém, no momento em que o poder de legislar é reconhecido pelos homens, o direito perde seu caráter religioso, sobretudo quando a lei escrita vem substituir o costume imemorial de onde procede o direito primitivo.

    As primeiras leis intervêm no momento em que fatos novos começam a modificar a estrutura das sociedades e a desequilibrar as antigas tradições: migração dos povos, surgimento de novas doutrinas filosóficas, transformações políticas...

    Tais mudanças, inevitáveis, nem sempre foram as mais desejáveis para a humanidade. Hoje, mais do que nunca, em tempos de globalização e de graves conflitos decorrentes de diferentes interesses econômicos, geopolíticos e culturais, é da maior urgência um generoso esforço humano com vistas a uma verdadeira colaboração entre nações, para a garantia da paz universal e da universalidade do direito. Sem este caráter — que entretanto não prescinde do respeito às particularidades nacionais — o direito não poderá nunca se estabelecer como ciência, nem tampouco ser fiel às conotações que estão no fundamento mesmo de sua etimologia latina: directus, "sem desvios, sensato, prudente, acertado, judicioso, justo".

    Editora

    Zília Mara Pastorello Scarpari

  • v. 19 n. 35 (2001)

    Editorial

    A reflexão sobre a linguagem é contemporânea da história da humanidade. Associada aos mitos cosmogônicos, a linguagem remete à palavra como um ato — o ato inicial, preexistente à criação. Daí o sentido mágico do fiat lux bíblico, do verbo como semente fecundante e primeira manifestação divina: Deus criou o fundamento da linguagem antes de materializar os seres. Em tempos modernos Heidegger retoma a questão: "Somente quando se encontrou a palavra para a coisa, é esta uma coisa...".

    Explorado pelas correntes linguísticas do século XX, o conceito veio a significar a capacidade própria à espécie humana de comunicar-se por meio de um sistema de signos, com função simbólica. A linguagem fornece então ao homem a dupla possibilidade de agir sobre o(s) outro(s) e de perpetuar a lembrança dessa ação, possibilidade que se encontra na raiz mesma da história.

    Na sua vasta polissemia, o termo se define não somente como idioma. Se tudo é signo no comportamento humano, tudo é linguagem. Assim, tal noção poderá referir-se ao domínio verbal — compreendendo os estudos linguísticos e literários — e ao domínio não verbal —abrangendo as diversas artes e os diversos modos de significar, âmbito da semiótica.

    Todo o processo de comunicação que subjaz ao ato linguístico ou a toda semiose acontece em contextos psicossociais e históricos. Daí o vínculo natural que se estabelece entre linguagem e educação, o que nos permite falar de ensino e linguagem midiática, paraliterária, paródica, artística, matemática, pedagógica — objetos do presente número da revista Vidya.

    Zília Mara Scarpari

    Editora

  • EDIÇÃO ESPECIAL - 50 ANOS
    2001

    Editorial

    Ao comemorar os cinqüenta anos de fundação da Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis — Zona Norte, o Centro Universitário Franciscano dedica esta edição especial da Revista Vidya aos que mantiveram, com sua colaboração e trabalho, a empreende-dora e dinâmica presença dessa Entidade, que muito tem contribuído para o desenvolvimento social e educacional no Brasil.

    A iniciativa do empreendimento cabe às Irmãs Franciscanas, originárias da Holanda, cuja ação, em sua ascendência, vai longe no tempo. Catarina Daemen, mulher que unia em seu agir ternura e firmeza, simples no convívio, expressava com determinação seu senti-mento-lema: Deus providebit, expressão que constituía a ideia de sua crença em Deus, que conduz favoravelmente os que nele confiam e buscam a orientação para suas vidas. Ela funda, então, na cidade de Heythuysen, aos 10 de maio de 1835, a Congregação das Irmãs Franciscanas da Penitência e Caridade Cristã, com a finalidade de evangelizar e promover a pessoa humana através da educação, do serviço social e do cuidado aos doentes.

    Passados poucos anos, a Congregação das Irmãs Franciscanas expandiu-se para a Alemanha onde se tornou rapidamente conhecida e apreciada pela solidez e determinação de seus princípios de vida e missão.

    Na segunda metade do século XIX desenvolviam-se, naquele território, mudanças sociais e políticas baseadas na teoria do direito do Estado. Os tempos eram de grandes preocupações e sofrimentos causados por guerras. Nesse contexto, as Irmãs Franciscanas tiveram a iniciativa da assistência aos feridos, instalando inclusive, em estabelecimentos próprios, os doentes.

    Emergiu também, nesse período, o Kulturkamp, ideologia que provocou a luta aberta dirigida pelo governo da Alemanha à igreja católica. Conflitos ideológicos entre Estado e Igreja desencadearam perseguição a pessoas e entidades religiosas, que atuavam na educação e no ensino. Escolas franciscanas, posteriormente, foram fechadas sob o governo de Bismarck.

    Entretanto, em consequência da industrialização que ocorria nos países germânicos, substituindo muitos artesãos por alguns operários, o que ocasionava crescente desemprego, começava a emigração. A saída de desempregados para o Novo Mundo abrandava a tensão social. A par disso, no Brasil, a política imigratória de D. Pedro voltava-se a países europeus, entre eles, a Alemanha, pois via nos seus imigrantes a possibilidade de contrabalançar o poder da oligarquia rural do Sul do país.

    Foi através desse momento sinuoso da história que se iluminou um outro caminho para as Irmãs Franciscanas, impedidas de exercerem suas atividades educacionais na própria pátria.

    Reconhecendo a necessidade de os filhos dos imigrantes terem acesso ao ensino e à formação integral, o Padre Guilherme Feldhaus, superior dos jesuítas no Sul do Brasil, escreveu à Superiora das Irmãs Franciscanas solicitando a vinda de religiosas, pois os colonos não se conformavam com a perspectiva de seus filhos serem criados sem oportunidade de frequentar uma escola. Ponderadas as dificuldades de distância, viagens, condições sociais e mesmo comunicação, decidiu-se por atender ao desafio de assumir o chamado para a América.

    Chegadas a São Leopoldo, aos 2 de abril de 1872, seis Irmãs expressaram a emoção por terem sobrevivido às tempestades no mar e a alegria de estarem em solo firme. Constituindo a primeira congregação feminina de vida apostólica ativa no Rio Grande do Sul, iniciaram imediatamente sua missão no ensino, sem temor à realidade desconhecida, com o olhar confiante no futuro.

    Decorridos mais de um século, podemos confirmar que o árduo trabalho inicial, em que as Irmãs professoras aprendiam com seus alunos a nova língua, costumes diferentes, outro modo de pensar, a seu tempo cresceu e produziu frutos de aprendizado e de promoção humana.

    Com o aumento populacional e a urbanização, apresentavam-se maiores exigências de organização do ensino e das instituições. Inseridas nessa história, as Irmãs fundaram, em 1903, a Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis como mantenedora das instituições que dirigiam, fossem de educação, de saúde ou de assistência social. Porém, com a expansão para outras regiões do estado do Rio Grande do Sul e a multiplicação de estabelecimentos, reunidas em assembleia geral, desmembraram-se em dois grupos. O de origem, fundado em 1903, passou a denominar-se Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis — Zona Central, com sede em São Leopoldo, sendo que a nova entidade chamou-se Sociedade Caritativa e Literária São Francisco de Assis — Zona Norte, SCALIFRA-ZN, constituída em 31 de julho de 1951, com sede em Santa Maria-RS, atualmente, com filiais em seis estados brasileiros e no Distrito Federal, mantendo a educação nos níveis básico e superior. Em seu propósito de prestar serviços educacionais, tem-se caracterizado pela divulgação do saber, da ciência e da cultura, pelo compromisso com os valores éticos e pela promoção da cidadania.

    Celebrar esse percurso da SCALIFRA-ZN é fazer com que sua existência presentifique o ideal dos primórdios, as dificuldades transpostas, os sinais luminosos que se espalharam. Os milhares de estudantes, professores e funcionários que frequentaram as escolas mantidas pela SCALIFRA-ZN no decorrer desses cinquenta anos não o fizeram por acaso. Nelas deixaram um pouco de si mesmos e levaram, de alguma forma, a marca ao menos do tempo ali passado.

    Gratidão é uma bela atitude-resposta à colaboração de tantas pessoas que contribuíram para o engrandecimento dessa Entidade. A sintonia com a inspiração originária da obra educacional inspire sua continuidade na audaciosa prática da paz e do bem e na renovada confiança de que, nos dias atuais, Deus providencia e conduz os que nele confiam.

    Irani Rupolo

    Reitora

     

  • v. 19 n. 34 (2000)

    Editorial

    Quando Walter Benjamin afirmou que a arte de narrar estava chegando ao fim, não imaginava o quanto suas teses Influenciariam os historiadores futuros, que levariam realmente a sério a tarefa recomendada de "escovar a história a contrapelo." De fato, assistimos hoje ao ressurgimento da narrativa, presente tanto no vigor épico de certos romances históricos quanto no tagarelar de personagens, de ficção ou reais. Autobiografias, trajetórias de vida, entrevistas, depoimentos, são recursos dialógicos que vêm se contrapor à monologia da história oficial. Por exemplo, as impressões de um ignorado diplomata e crítico literário sobre a sociedade carioca no segundo império, os sucessos e percalços de um desconhecido camponês no interior do Rio Grande do Sul do século XIX, um outro olhar sobre as práticas de cura populares, conferem à moderna historiografia a imagem de um caleidoscópio onde se refratam inúmeras perspectivas que multiplicam os sujeitos da história. Assim é que, apesar da configuração fragmentária que apresentam, as leituras aqui reunidas ganham unidade e conquistam importância, justificadas que são pelas palavras de Benjamin: "O cronista que narra os acontecimentos, sem distinguir entre os grandes e os pequenos, leva em conta a verdade de que nada do que um dia aconteceu pode ser considerado perdido para a história."

    É essa forma de resgate da memória, capaz de restabelecer culturas esquecidas do passado e, no presente, de recuperar aquelas relegadas à exclusão, que permite compreender a realidade atual para projetar soluções aos intrincados problemas contemporâneos, como a globalização, paradoxalmente acompanhada pela desunião entre os povos. Afinal, "articular historicamente o passado", como diz ainda o mesmo filósofo, "não significa conhecê-lo como ele foi. Significa apropriar-se de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo."

    Zília Mara Pastorello Scarpari

    Editora

  • v. 19 n. 33 (2000)

    Editorial

    Num texto de 1967, Roland Barthes mostra que o discurso da história, como todo discurso com pretensões realistas, parece fundamentar-se num esquema semântico de dois termos, o referente e o significante. O significado seria portanto confundido com o referente, o qual entraria em relação direta com o significante. Assim sendo, encarregado simplesmente de exprimir o real, o discurso ficaria sem o termo fundamental das estruturas imaginárias, que é o significado. Nietzsche, entretanto, dizia que "não há fatos em si. É sempre preciso começar por introduzir um sentido para que possa existir um fato", levando a concluir que um fato não tem senão existência linguística. Neste caso, enquanto linguagem (sistema simbólico de significação) ou discurso (enunciado visto a partir das condições de produção — linguísticas e sociais — que o geraram), irmanam-se literatura e história.

    Por outro lado, a língua é regida por um código que obriga a dizer conforme certo repertório e certas regras; e se ela impede de dizer de outras formas, configura-se como discurso autoritário da verdade ou discurso alienante do estereótipo — daí seu caráter fascista, como reconheceu Barthes em aula inaugural da cadeira de semiologia literária do College de France.

    Há, entretanto, uma possibilidade de discurso fora do poder e da coerção da linguagem: a literatura, capaz de revolução permanente, de anarquia, isto é, de infração à autoridade. Trata-se de uma escritura enviesada que, pretextando falar do mundo, remete para si mesma como referente e como forma peculiar de refratar o real. Questionando o mundo mas sem oferecer respostas, liberando a significação mas sem fixar sentidos, a linguagem poética se define como o lugar, ambíguo do interdito e do prazer, da pluralidade e da significância, o espaço social onde se desfaz o sujeito — entendido como juiz, mestre, decifrador — e por onde penetram o ideológico e o imaginário. Por tudo isso a literatura é essa trama (tecido, texto, textura) que se oferece, erótica e fértil, às mais variadas pesquisas estéticas, históricas, filosóficas, psicanalíticas.

    Zília Mara Pastorello Scarpari

    Editora