v. 29 n. 2 (2009)

Editorial

Conforme conhecida afirmação de Paulo Freire, “não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão”. Considerando-se o processo educativo, entendemos que esse é exatamente um dos fundamentais papéis do professor/educador: refletir, pela palavra e pela ação, de forma constante, sobre a construção do seu saber, no despertar e no desafio para o saber do outro.

A necessária ação-reflexão da prática docente é uma das abordagens que, de diferentes modos, apresenta-se neste segundo número do v. 29 da Revista Vidya: no primeiro artigo, Iraní Rupolo aborda o quanto os valores franciscanos podem ser compreendidos como fundamentos do processo educacional; segue-se, com Denise Kriedte da Costa e Margarete Hülsendeger, uma análise sobre o trabalho do professor e os seus desafios atuais. Como terceiro enfoque, Cibele da Silva Lucion e Paulo Rômulo de O. Frota apresentam pesquisa realizada sobre as contribuições da Psicologia da Educação para a formação docente em Ciências Naturais, enquanto, em relação à formação dos professores de Matemática, Vera Clotilde Garcia aborda a necessidade do efetivo (re)conhecimento docente sobre o estudo das funções. Já como relato de experiência, Alberto Carlos de Souza, Túlio Alberto Martins de Figueiredo e Ângela Maria Adolfo Apini apresentam atividade desenvolvida com crianças do Ensino Fundamental, na qual  se problematiza a noção de representação cultural, que deve ser atentamente observada pelos professores em suas práticas docentes.

Por vivermos em um momento de crise de paradigma, outro aspecto relevante a ser considerado pelos professores em seu processo de formação continuada, especificamente no caso de professores de Ciências do Ensino Básico, é o próprio conceito de Ciência, de acordo com Jaqueline Ritter Pereira e Maria Cristina Pansera de Araújo. Também afirmando uma necessária revisão conceitual na prática escolar, Patrícia Regina Correa Dias enfatiza a relevância do estudo dos ritos e rituais em sala de aula, demonstrando a sua potencialidade reflexiva sobre os papéis e representações sociais. No campo dessas representações, para Aline Cardoso Siqueira, a escola deveria assumir uma atuação mais direta e efetiva na vida social, como no caso da reinserção familiar de adolescentes. Para tanto, a autora, entre outros aspectos, apresenta estratégias de ação aos professores para que se tornem agentes de apoio nas situações em que seus alunos vivenciam vulnerabilidade social.

Por fim, mas não menos importante, são abordados “os níveis de significação de conceitos e conteúdos químicos no Ensino Médio”, por Laís Basso Costa-Beber e Otavio Aloisio Maldaner, que analisam materiais didáticos e, assim, apresentam efetiva contribuição à prática docente.

Ao reunirmos esses vários e diferenciados olhares sobre a ação educativa, o sentimento que nos move é o de grande satisfação por podermos propiciar renovados debates e perspectivas para o objetivo comum de qualificar o ensino e a educação em nosso País: é o que sinceramente esperamos. Assim como é sincero o nosso profundo agradecimento pela participação de todos e todas neste número.

Profª. Dr. Inara de Oliveira Rodrigues

Editora

Publicado: 2015-04-16