v. 31 n. 2 (2011)

Editorial

Para o segundo número da edição 2011, do periódico Vidya, fizemos uma chamada especial com a temática Ensino de Física e Matemática. Recebemos, para nossa satisfação, um número considerável de trabalhos de pesquisa e de relatos de experiências de vários estados brasileiros, o que demonstra haver uma demanda por periódicos específicos para essas áreas do conhecimento.

Nem todos os encaminhamentos puderam ser atendidos em função dessa demanda, uma vez que atingimos o número de oito artigos para publicação, como desejado. Assim, os artigos, que se encontram ainda em processo de avaliação e que venham a ser recomendados para publicação, serão contemplados na próxima edição. Agradecemos a todos que nos privilegiaram enviando seus trabalhos e esperamos que continuem contribuindo para o bom andamento da revista.

Nesta edição, encontramos no primeiro artigo um trabalho sobre a evolução da Física Moderna encontrada em livros didáticos avaliados pelo Programa Nacional do Livro Didático do Ensino Médio, proposto por Lucas Dominguini. Nessa pesquisa bibliográfica, o autor analisa como questões históricas da evolução da Física Moderna são tratadas pelos autores de livros didáticos e conclui que a abordagem é feita de forma e intensidade distintas delegando ao professor a importância de participação e escolha do livro a ser adotado.

O segundo artigo trata de uma pesquisa em que os autores Maria Soistak, Nilcéia Pinheiro e Luiz Pilatti analisam trabalho realizado por professores de escolas públicas municipais de Ponta Grossa, no Paraná, a respeito do ensino da Matemática por meio de projetos interdisciplinares. A partir de pressupostos indicados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais, os autores concluem que os docentes ainda apresentam insegurança no trabalho com essa metodologia, havendo necessidade de maior tempo de preparação de aulas e mais conhecimento para atuação nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

O terceiro artigo relata experiências realizadas em projetos de pesquisa de iniciação científica financiada pelo CNPq no estado do Mato Grosso do Sul realizada por Klinger Ciríaco e Neusa Souza, sendo recorte de projeto de mestrado do primeiro autor. Trata de investigar e entender relações entre práticas de letramento matemático envolvendo um grupo de mães de alunos de uma escola da periferia da cidade de Três Lagoas e a formação de seus filhos.

O quarto artigo, de Keila dos Santos e sua orientadora Arlete de Jesus Brito, visa evidenciar relações existentes entre os discursos que buscam normatizar a atividade de trabalho do setor industrial e os legislativos, que direcionam a formação, e o trabalho docentes num cenário histórico relevante para a formação de professores.

O estudo constante do quinto artigo explora e comunica ideias sobre o importante tema Isometrias para a formação de professores de Matemática, de autoria de Maria Lage e Maria Clara Frota. Apresenta resultado de parte de uma pesquisa de mestrado em que foram investigadas possibilidades de mobilização das formas de pensamento matemático no estudo de Transformações Geométricas do Plano com o uso do software GeoGebra. A pesquisa aponta que os alunos mobilizaram formas variadas de pensamento matemático, comunicam oralmente suas descobertas sobre isometrias de polígonos, mas apresentaram dificuldades na elaboração dos registros escritos e formalização das ideias matemáticas. O ambiente informatizado e a postura investigativa adotados favoreceram a articulação entre as formas de raciocínio algébrico e geométrico, contribuindo para o estudo das isometrias.

A História da Matemática é retratada no sexto artigo, de autoria de Leoni Fillos, Izabel Bonete e Joyce Caetano. A pesquisa investigou se obras literárias que abordam fatos históricos relacionados ao desenvolvimento da Matemática como ciência, disponibilizadas em bibliotecas de escolas estaduais do Paraná, vêm sendo consultadas, lidas e utilizadas por professores de Matemática e se a leitura dessas obras provoca mudanças de postura em relação à incorporação da História nas aulas de Matemática. Os resultados apontam que um percentual muito pequeno de professores busca aprimorar seu conhecimento matemático e metodológico por meio da leitura e, ainda, que professores que leem mais utilizam com mais frequência a História da Matemática em suas aulas.

O sétimo artigo, denominado O Uso da Estrutura Multiplicativa na Resolução de Problemas nos Anos Iniciais da educação básica, de autoria de Isabel de Lara, apresenta um estudo de caso com base nos campos conceituais de Vergnaud, que tratou da construção da estrutura multiplicativa, realizado com 50 alunos dos anos iniciais do ensino fundamental em uma escola pública de Porto Alegre. Por meio da análise de como resolveram duas situações-problema sobre multiplicação, foi constatado que, entre os participantes, alunos de 1° e 2° anos tiveram desempenho melhor do que alguns de 4º e 5º anos que já faziam o uso de algoritmos. Tal resultado permite refletir sobre a exigência usual quanto à memorização dos resultados de uma multiplicação, concebidos tradicionalmente como “tabuada”.

A edição é completada com o oitavo artigo, no qual seus autores, Janisse Viero e João Rocha, apresentam reflexões em torno de uma estratégia didática utilizada na construção de prática lúdica e criativa para o ensino de Ciências em escolas, implementada em um minicurso para professores da Educação Infantil e o do Ensino Fundamental de uma escola pública do RS. Os participantes apresentaram dificuldades em propor atividades de observação e experimentação em ciências, o que sugere limitações na sua formação. A análise aponta na direção da necessidade de preparação dos professores para o ensino de Ciências nos cursos de formação.

Desejamos a todos uma excelente leitura e contribuição para estudos futuros e práticas educativas e esperamos dar continuidade ao trabalho com novas contribuições.

Prof. Dr. José Carlos Pinto Leivas

Editor

Publicado: 2015-04-15