O ROMANCE E A IDENTIDADE NARRATIVA: KUNDERA NO LABORATÓRIO DE RICOEUR
DOI:
https://doi.org/10.37782/thaumazein.v13i26.3702Resumo
Trata-se de traçar uma aproximação comparativa entre dois autores oriundos de campos distintos do saber e da cultura e visualizar a mútua contribuição decorrente dessa aproximação, a saber, entre a filosofia de Paul Ricoeur (1913-2005) e o romance de Milan Kundera (1929-). Na medida em que tanto a filosofia de Ricoeur quanto a prosa ficcional de Kundera refletem sobre a constituição da subjetividade na modernidade, a presente contribuição visa estabelecer paralelos entre suas concepções de subjetividade e suas reflexões sobre os destinos da prática da narração ficcional na virada do século. Tendo isso em vista, pretendo realizar uma interpretação comparativa entre as teses de Ricoeur, especialmente apresentadas em Tempo e narrativa e O si-mesmo como outro e as de Kundera, expostas tanto em seus ensaios quanto apresentadas de forma esparsa em digressões reflexivas que permeiam sua prosa romanesca. Meu intuito será mostrar como se diferenciam de forma discreta mas se sintonizam de forma robusta no que concerne a relação entre a constituição da subjetividade, o papel do romance na existência e a imersão desta em enredos historicamente considerados.