SONETO DE BANALIDADE DO MAL: DA FIDELIZAÇÃO EMOTIVA À CEGUEIRA CONTRA O PENSAR
DOI:
https://doi.org/10.37782/thaumazein.v15i29.4342Abstract
Vinícius de Moraes, no Soneto de Fidelidade, elabora a fidedigna atuação do eu-lírico sobre a dedicação ao amor. A propulsão da fidelidade está na forma de anular-se para o outro, distanciando-se do raciocínio ao pensá-lo, pois pensar no que ama deslumbra o encanto para além da visão. Argumenta-se sobre as angústias, os relacionamentos e o amor que influenciavam nas tomadas de decisões e na aceitação dos fatos e das desilusões. Inserido na ótica histórica da Segunda Grande Guerra, sob a condição de reler sobre o uso do amor enquanto cura (ou loucura), identifica-se a vivência do poema com a fidelização eufórica, passional, irracional até o ponto de tornar-se
banal. Recorre-se, então, à Banalidade, categoria sublinhada por Arendt como a ocorrência que interfere no raciocínio, na capacidade de pensar e na relação humana, por intermédio da ausência de reflexão e adesão irrestrita ao cumprimento da lei, mesmo em acordo com o usufruto do mal. Neste ensaio, encontra-se a aproximação da lírica ao contexto da guerra, o adorno do sentimento ao extremo do amor à pátria, a expressão de Eichmann, de cujo relato se extrai o magnetismo de governança do III Reich que conduziu a massificação de seus súditos a um ideário manipulador no conceito de fidelidade.