Avaliação dos impactos da COVID-19 na mortalidade por síndrome respiratória aguda grave no estado do Rio Grande do Sul, Brasil
DOI:
https://doi.org/10.37780/ch.v21i2.3410Resumo
Desde a chegada da COVID-19, o Brasil vive uma explosão de internações e óbitos por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), em valores acima da série histórica. Existe a preocupação de que a COVID-19 possa estar sendo registrada no sistema de controle da SRAG, mas sem a classificação etiológica. O objetivo deste estudo é analisar os impactos da COVID-19 no aumento da SRAG no Rio Grande do Sul, considerando-se às dimensões demográfica, racial, escolaridade e de privação social. As taxas de mortalidade foram estimadas através do método bayesiano empírico e mapeadas em Sistema de Informação Geográfica. A privação social foi avaliada através de um modelo multicritério de indicadores de renda, educação e saúde. Os resultados mostraram aumento da mortalidade por SRAG e variações demográficas condizentes com os impactos da COVID-19. Observou-se ainda o elevado número de óbitos sem a identificação etiológica, que sugere a necessidade urgente de aumentar os testes de COVID-19 no estado. A maior concentração dos óbitos ocorreu no eixo mais desenvolvido e de menor privação social do estado, mas as taxas são maiores entre negros, indígenas e na população de baixa escolaridade. Os casos se estendem em quase todas as regiões do estado e revelam preocupação em relação aos municípios de elevada privação social nas fronteiras sul e oeste. Recomenda-se, pois, o desenvolvimento de ações adequadas às populações mais vulneráveis, o aumento dos testes e políticas de prevenção para o estado que possui o inverno mais rigoroso e a população proporcionalmente mais idosa do país.