A QUESTÃO DO MÉTODO NA ENSAÍSTICA DE THEODOR ADORNO
Resumo
Este artigo possui por escopo tecer algumas considerações que elucidem o proceder “metodicamente sem método” anunciado no final de “O Ensaio como forma” como uma espécie de modus operandi da ensaística de Adorno. Para tanto, num primeiro momento analisou-se brevemente a questão da atualidade do pensamento adorniano sob três perspectivas diferentes e deu-se preferência àquela que pretende sustentar-se numa leitura que não está interessada apenas nos aspectos aplicáveis dos “achados” da teoria adorniana. Num segundo momento discutiu-se, por meio de uma analogia com o Discurso do método de Descartes, o sentido de o Essay de Adorno desafiar gentilmente as regras do método, ou seja, de evitar a sua hipostasiação e, ao mesmo tempo, de ser também um procedimento metodológico. Por fim, num terceiro momento tratou-se brevemente da recepção, muitas vezes recortada e descontextualizada de “O ensaio como forma” e, sobretudo, de sua proposta de leitura imanente – intimamente relacionada com a proximidade do ensaio com a literatura – como ponto mais emblemático do ensaio, pois ao mesmo tempo o aproxima da configuração estética, sem contudo confundir-se com ela.
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