VILÉM FLUSSER: “TRANSCENSÃO” DE PATRICIDADE: O “LUGAR” DE FLUSSER NA HISTÓRIA DA FILOSOFIA BRASILEIRA
DOI:
https://doi.org/10.37782/thaumazein.v15i29.4220Resumen
Começaremos com uma exposição (crítica) de um “suposto” processo de marginalização intelectual que Vilém Flusser sofreu na história da filosofia brasileira. Mas esta exposição será um “pré-texto” para aproximarmo-nos daquilo que chamaremos de “fulcro de todo o pensamento filosófico” flusseriano: a ideia de transcensão. Trataremos primeiro de demonstrar - numa conversa triangular entre Flusser, Benedito Nunes e Clarice Lispector - que “transcensão” é a “originalidade” com a qual esse filósofo de língua portuguesa buscou superar o modo de pensar do existencialismo moderno - sobretudo o pensamento que culmina no “Nada”, como “revelado” pela experiência de “nojo do mundo” e pela “angústia existencial” como (supostamente) abordados por Sartre e Heidegger, respectivamente. Para ilustrar o lugar central que a ideia desempenha no pensamento deste filósofo, trataremos também de demonstrar que ela é o fundamento de uma “ética da alteridade” peculiarmente flusseriana. Depois de expor a ideia assim - nalgumas de suas linhas fundamentais, e de maneira sumaríssima - ousaremos chamar o pensamento de transcensão de Flusser de seu “único” pensamento. Importa-nos com isso dizer, claro, que “todos” os outros pensamentos filosóficos de Flusser são, essencialmente, alimentados pela sua ideia de transcensão. No processo, mostraremos - também de forma concisa -, como a ideia de “transcensão” parece levar Flusser curiosamente de volta a Hegel; esse “retorno” indica, entre outras coisas, que toda tentativa de filosofar sobre a experiência da alteridade parece dar sempre a “última palavra” a Hegel. Com essa conjetura, iniciamos nossa análise, conscientes de que há muito “pano para manga” imbricado na discussão.