AS DUAS INTERPRETAÇÕES DE CIÊNCIA PRESENTES NO DE MOTU DE GEORGE BERKELEY
Abstract
Neste breve artigo, apresento de forma sucinta as duas interpretações antirrealistas acerca da ciência contidas na clássica obra De Motu, de George Berkeley. A primeira interpretação já é há muito consolidada nos textos dos comentadores do filósofo e busca condicionar o antirrealismo de Berkeley ao seu Instrumentalismo Nominalista, que toma a prerrogativa que a falta de referência empírica dos termos da mecânica newtoniana implica sua aceitação somente como instrumentos úteis para o funcionamento da teoria, situando-os apenas no âmbito do debate observável/inobservável. A segunda interpretação, que adota uma posição heterodoxa e é defendida por autores como Silva e Atherton, busca relacionar a posição filosófica do autor ao seu anti-abstracionismo epistemológico, mostrando que em algumas passagens do De Motu, Berkeley pode ser considerado precursor de algumas teses holísticas na ciência. Por fim, indico que talvez haja uma possibilidade de correlação entre ambas as interpretações distintas.