METAFÍSICA E ÉTICA EM DUNS SCOTUS
Abstract
Em certa medida parece correto afirmar que o pensamento ético de Scotus só se deixacompreender no horizonte de sua teologia. Pois, é do conhecimento do ente mais perfeito quederiva a verdade, necessária para a razão prática, que o ente mais perfeito deve ser amado.Ora, o ente mais perfeito, infinito, é Deus, e o conhecimento de Deus como ente infinito, deacordo com Scotus, parece ser aperfeiçoado no homem pela fé. Logo, a lei natural segundo aqual amar a Deus é, por definição, um princípio prático, teria como fundamento oconhecimento revelado de Deus. Neste caso o conhecimento moral só poderia ser alcançadomediante revelação divina. Além disso, a concepção scotista da vontade como potência capazde autodeterminar-se independentemente do intelecto, parece também ter levado algunsintérpretes a julgarem um (suposto) voluntarismo na ética do pensador franciscano,entendendo daí que o acesso racional à ética teria ficado reduzido no pensamento do filósofofranciscano. No entanto, parece que a própria concepção de Scotus da lei natural, de acordocom a qual a vontade não pode deixar de querer o bem em si, e o faz de modo livre, só sedeixa compreender no horizonte de sua metafísica. Assim, a lei natural, o “coração da éticascotista”, nos remete à análise que faz Scotus das potências da alma e da relação entreentendimento e vontade. Trata-se aqui, pois, de analisar algumas questões de ordemmetafísica em vista de uma melhor compreensão da ética de Scotus.References
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