PRÁTICAS DE CORREÇÃO NA ANTIGUIDADE CRISTÃ: CONHECIMENTO DE SI, DECIFRAÇÃO DA VERDADE E SUJEIÇÃO

Autores

  • Juliane Marschall Morgenstern UFN

Resumo

O artigo analisa o papel da correção na Antiguidade cristã mostrando a função corretiva assumida pelas práticas de si nos primeiros séculos da nossa era. A partir dos estudos de Foucault elaborou-se uma historicização genealógica das práticas, para traçar a proveniência das técnicas de correção e identificar ênfases quanto à finalidade das práticas corretivas. A análise desenvolvida neste artigo integra uma segunda ênfase em relação às práticas de correção, localizada no contexto da Antiguidade cristã, onde se tem um conjunto de práticas de correção que se apropriam do domínio do cuidado de si antigo, apresentando-se como a cristianização do ideal grego da vida filosófica. Compreendeu-se, que nos primeiros séculos do cristianismo, o monarquismo fez uso das mesmas técnicas da vida filosófica utilizadas na filosofia helenística, porém, ao serem exercitadas, essas técnicas geraram outras práticas, direcionadas à renúncia de si. Outros modos de realização da correção podem ser encontrados na historicização das práticas de correção na antiguidade pagã e, posteriormente, no contexto moderno e contemporâneo. Apesar de não integrarem as reflexões propostas pelo artigo, tais distinções auxiliam na compreensão do modo como a correção operou constituindo subjetividades no mundo antigo, e ainda, permitem avançar na análise da correção nas suas formas mais atualizadas, no sentido mais amplo da educação e dos processos de subjetivação.

Referências

BARROS II, João Roberto. Técnicas de si nos textos de Michel Foucault. Cadernos IHU Ideias, ano 10, n. 173, p. 1-18, 2012.

CANDIOTTO, C. Subjetividade e verdade no último Foucault. Revista Trans/Form/Ação. São Paulo, n. 31, p. 87-103, 2008.

FOUCAULT, M. Tecnologias de si (1982). VERVE: Revista Semestral do NU-SOL - Núcleo de Sociabilidade Libertária/Programa de Estudos Pós-Graduados em Ciências Sociais. Tradução de Andre Degenszajn. PUC-SP, n. 6, p. 321-360, out. 2004.

______. A hermenêutica do sujeito. Curso no Collège de France (1981- 1982). 2 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

______. Do Governo dos Vivos (excertos). Organizado por: Nildo Avelino. São Paulo: Centro de Cultura Social; Rio de Janeiro: Achiamé, 2011.

MORGENSTERN, Juliane Marschall. Práticas de correção e aprendizagem: produção de subjetividades na contemporaneidade. 2016. 308 f. Tese. (Doutorado em Educação) - Programa de Pós-graduação em Educação, Universidade do Vale do Rio dos Sinos - UNISINOS, São Leopoldo, 2016.

PORTOCARRERO, Vera. Os limites da vida: da biopolítica aos cuidados de si. In: JÚNIOR, Durval Muniz de Albuquerque; VEIGA-NETO, Alfredo; FILHO, Alípio de Souza (orgs.). Cartografias de Foucault. Belo Horizonte: Autêntica, 2008. p. 419-430.

Downloads

Publicado

2018-10-28

Como Citar

Morgenstern, J. M. (2018). PRÁTICAS DE CORREÇÃO NA ANTIGUIDADE CRISTÃ: CONHECIMENTO DE SI, DECIFRAÇÃO DA VERDADE E SUJEIÇÃO. Thaumazein: Revista Online De Filosofia, 11(21), 11–20. Recuperado de https://periodicos.ufn.edu.br/index.php/thaumazein/article/view/2520

Edição

Seção

Artigos