O “MUNDO-DA-VIDA” E A NOSSA “CASA COMUM”: AS CONTRIBUIÇÕES DE HUSSERL E DA LAUDATO SI PARA O DEBATE ECO-AMBIENTAL CONTEMPORÂNEO
DOI:
https://doi.org/10.37782/thaumazein.v18i35.5136Palavras-chave:
Husserl; Papa Francisco; Mundo-da-vida; Casa comum; EcofilosofiaResumo
O presente artigo visa discutir e analisar os pontos de convergência entre os conceitos de mundo-da-vida de Husserl e de casa comum, presente na encíclica Laudato Si, enquanto alternativas às narrativas cartesiana e científicas da modernidade, cuja consequência é engendramento de um projeto de determinação e domínio da natureza. Em primeiro lugar, o artigo apresenta o conceito husserliano de mundo-da-vida enquanto crítica à ciência europeia ancorada na suposta autonomia da razão, a partir de uma leitura da obra A crise da ciência europeia e a fenomenologia transcendental. Em seguida, ressalta o modo como a encíclica expressa a concepção de natureza enquanto casa comum, lugar no qual o ser humano mantém com o mundo uma relação intersubjetiva e de envolvimento recíprocos, numa espécie de coabitação. Por fim, reconhece a relevância da ciência como construção do espírito humano, como espaço intermediário das diferentes vozes, além de tecer considerações críticas a respeito da contribuição dada por essas noções para o debate eco-ambiental contemporâneo como contraposição à visão tecnicista e cientificista do mundo.