VERDADE, SER E LINGUAGEM: NOTAS SOBRE MARTIN HEIDEGGER E FRIEDRICH W. NIETZSCHE
Resumo
Este artigo tem como objetivo apresentar uma intervenção crítica, a partir de uma práxis hermenêutico-filosófica e com base em dados histórico-culturais, acerca do conceito de verdade em relação à linguagem (como meio da expressão humana), à identidade (instrumento fundamental para as formações cultural, moral, histórica e social dos homens) e ao ser (entendido sob uma perspectiva plural, na qual o homem, com suas identidades polivalentes, é a multiplicidade em que se jogam as identidades morais e culturais, na luta pelo poder, pela estruturação e continuidade da ordem hegemônica). A possibilidade de se falar sobre a verdade, apoiada na filosofia de Nietzsche, é circundada por determinantes que modelam o próprio questionamento sobre a verdade - numa linha de raciocínio, se se busca a verdade, busca-a num processo de pesquisa, então, pela sua essência e pela sua origem, aprioristicamente. Dessa forma, esse artigo discutirá, não somente o que seria a verdade (sob um prisma filosófico e cultural), mas também como jogam os seres nas múltiplas possibilidades de verificação do uso, do valor da verdade, entendida, pois, como discurso, como poder de linguagem. Há, assim, uma investigação do pensamento crítico empreendido por Martin Heidegger, tendo como texto-base “Vom Wesen der Wahrheit” (Da essência da verdade), de 1933-1934, no qual busca as origens do que sejam as próprias conceituações de essência e de verdade, em relação à linguagem e à arte, remetendo-se, por vezes, à cultura filosófica grega, através de uma análise do discurso mítico da caverna de Platão.
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