Perfil das infecções bacterianas em pacientes com Covid-19 em uma Unidade de Terapia Intensiva
Resumo
A COVID-19 é uma doença viral que pode causar uma pneumonia grave, por ser uma patologia nova, as infecções bacterianas secundárias ao coronavírus ainda não foram bem esclarecidas. O objetivo deste artigo é verificar o perfil das infecções bacterianas dos pacientes com COVID-19 admitidos em UTIs, avaliando os microrganismos associados e o perfil de resistência aos antimicrobianos. Trata-se de um estudo quantitativo realizado em um hospital da região metropolitana de Porto Alegre - RS no ano de 2020. Foram incluídos pacientes maiores de 18 anos admitidos em UTIs com diagnóstico positivo para COVID-19 e avaliadas amostras de hemoculturas e materiais respiratórios. Foram analisados 220 pacientes em sua maioria do sexo masculino (53,6%), com média de idade de 69 anos e tempo de permanência em leitos de UTIs de 11 dias, sendo que desses, 95,5% foram a óbito. As coinfecções bacterianas foram observadas em 59,5% dos pacientes.
Os pacientes coinfectados foram estatisticamente mais novos (65,5 anos) e permaneceram por mais tempo nas UTIs (19,2 dias). As bactérias mais prevalentes foram Staphylococcus spp. coagulase negativa (28,5%)
Acinetobacter baumanii (24,7%) e Klebsiella pneumoniae (13,5%). Todos os isolados de Acinetobacter baumanii foram multirresistentes e 64,10% das Klebsiella pneumoniae eram resistentes a carbapenêmicos, 30,80% das Pseudomonas aeruginosa apresentaram pan-resistência, 7,10% dos Staphylococcus aureus foram resistentes a meticilinas e 45,5% dos Enterococcus spp. resistentes a vancomicina. Os resultados demonstraram uma alta taxa de morte e de coinfecções em pacientes com COVID-19 internados em UTIs, enfatizando a preocupação acerca das infecções por microrganismos multirresistentes nessa população.