Articulação entre serviços de saúde e educação nos cuidados voltados à saúde mental infantojuvenil: um enfoque na medicalização do estudante
DOI:
https://doi.org/10.37777/3021Resumo
No Brasil há uma crescente procura das escolas pelos serviços de saúde mental, voltados à infância e adolescência. Anteriormente, os eventos escolares eram resolvidos na própria escola ou pela família, não havendo preocupação da área da saúde por comportamentos julgados como não adequados no âmbito escolar e que, consequentemente, acabassem por prejudicar a aprendizagem. Atualmente, decorrente de uma medicina cada vez mais resolutiva, emerge o processo chamado “medicalização da vida”, onde eventos não médicos, são tratados como de ordem médica. Assim, o presente trabalho tem por objetivo identificar qual a percepção dos professores diante dos efeitos resultantes do uso de medicamentos psicotrópicos sobre o aprendizado e nas relações interpessoais dos estudantes. Trata-se de uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório e descritivo e foi realizada em duas escolas municipais, de ensino fundamental e educação infantil, em um município do interior do estado do Rio Grande do Sul. Participaram deste estudo seis profissionais de cada escola. Para a coleta de dados foi usado, como técnica metodológica, um questionário de caráter semiestruturado e as informações coletadas foram analisadas através da técnica de análise de conteúdo. Constatou-se, através dos resultados obtidos, que, quando usados de forma racional, os medicamentos psicotrópicos trazem ganhos ao tratamento dos alunos, porém a terapia medicamentosa não deve ser exclusiva. Ações colaborativas, levando em consideração a rede de cuidado do aluno, devem ser promovidas. Ressalta-se, também, a importância do investimento e da capacitação dos profissionais da educação, para tratar de questões que envolvam o contexto do estudante.