Revegetação de áreas degradadas pela mineração no cerrado: o uso do lodo de esgoto na reabilitação do solo

Abstract

A mineração representa aproximadamente 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e é uma das principais causas de degradação no bioma Cerrado no Brasil. Essa retirada do solo exige reabilitação química, física e biológica do substrato exposto para iniciar a recolonização do ecossistema. Para a revegetação, é necessário adicionar grandes quantidades de matéria orgânica aos substratos expostos. Estudos com lodo de esgoto doméstico como fonte de matéria orgânica e nutrientes para plantas têm resultados promissores em protocolos de restauração ecológica. Este artigo apresenta uma revisão narrativa tradicional da literatura relacionada aos processos ecológicos, químicos e físicos na aplicação de lodo de esgoto para reabilitar substratos de mineração no Cerrado. Foram revisados 95 artigos, de 1985 a 2023, em 72 revistas científicas. A aplicação de lodo de esgoto em taxas inferiores a 100 t ha-1 (base seca) elevou o pH do solo e a concentração de ferro, estabilizou o carbono, aumentou a disponibilidade de água e reduziu o recrutamento de plantas invasoras. Outras técnicas incluem a semeadura de plantas com características semelhantes às de espécies invasoras, aumento da diversidade funcional de espécies em comunidades vegetais e identificação e manipulação de filtros ecológicos para estimular o recrutamento de espécies nativas. Os feedbacks solo-planta desempenham um papel crucial na regulação dos recursos disponíveis. O tratamento adequado com lodo de esgoto otimiza características físicas, químicas e biológicas dos substratos expostos, acelerando a colonização das comunidades vegetais e enfatizando a necessidade de monitoramento contínuo das interações solo-planta para restaurar a diversidade biológica.