Literatura e psicanálise: do obreiro ao navegador
Abstract
Nesse artigo, o objetivo é estabelecer uma comunicação entre psicanálise, literatura e mitologia e, a partir dessa articulação promover uma análise literária dos escritos de Adelmo Simas Genro, nos quais o escritor local desvenda, através da literatura, aspectos da cidade. Percebemos nesses escritos um material rico de significantes sociais. A mitologia inicia sua relação como uma ferramenta interpretativa, já que ela é, no sistema lingüístico, uma inscrição a priori que não necessita da legitimação da escrita, pois o mito é eficiente na propagação oral, sendo assim, independente da escritura. Ao fundir e engendrar a psicanálise e a mitologia, poderemos então navegar nas construções literárias de Adelmo Simas Genro, interpretando significantes e suas inscrições que nada mais são do que antecipação mitológica, por isso, o escritor nada mais é que um antecipador das produções propostas pela população, pela sociedade, já que é ela a produtora de imagens, e sons que darão a estrutura mitológica. Sendo um tradutor de mito ou um antecipador da construção imagética, Adelmo Simas Genro sempre será para a literatura da nossa cidade um grande obreiro, pois entre seu ato de criação e as imagens espaciais da cidade existiriam pontos de intersecção, pontos esses destinados à palavra, à construção, à escultoração mítica. O mito é então escrito nas praças e nos espaços, pois o homem cria as cidades como artifício à inscrição e para registrar marcos civilizatórios. O mito é linguagem, organizado no sistema de semiologia, mas mais que isso, o mito é representação.